“Era Puccinelli” enterrou uma história que seria hoje o grande argumento para ganhar eleitores
Força política das mais tradicionais deste País, o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) vem minguando na maioria dos estados. Está com sua influência reduzida, entretanto ainda respira em regiões onde o partido consegue driblar os danos causados por fatores como o envolvimento em casos de corrupção, má condução partidária e principalmente os desastres de gestão, como ocorreu em Mato Grosso do Sul.
Na disputa sucessória de 2014, o governo de André Puccinelli deu ao partido um presente “de grego”: eram tantos os desmandos que os eleitores aplicaram nas urnas uma surra acachapante aos emedebistas. E desde então, nas eleições municipais ou estaduais, o partido veio perdendo força, fôlego, filiados e eleitorado. A fragorosa derrota daquele ano carimbou no MDB a imagem negativa que até hoje impede sua recuperação.
Em 2015, quando assumiu o governo, o tucano Reinaldo Azambuja herdou de Puccinelli um espólio maldito, composto por mais de 200 obras inacabadas ou só no papel, débitos com o funcionalismo e fornecedores, capacidade de endividamento zerada e a credibilidade do Estado na UTI. O estrago gerencial, moral e político foi tamanho que fez Puccinelli fugir das disputas em 2018 e ficar fora do 2º turno em 2022, decepcionando seus correligionários.
O emedebismo poderia sobreviver melhor se Puccinelli tivesse ao menos concluído as obras iniciadas. Nem isso aconteceu, inclusive várias delas sequer saíram do papel ou dos alicerces, tanto que Azambuja lançou e concluiu, com o Programa “Obras Inacabadas Zero”, as 215 deixadas pelo emedebista. Entre elas estão o Bioparque Pantanal, o Hospital do Trauma (em Campo Grande) e diversas escolas na Capital e no interior.
Vários estabelecimentos de ensino – como a cinquentenária Escola Estadual Dona Consuelo Muller – havia anos esperavam por reformas e revitalização, o que só ocorreu depois de Azambuja substituir Puccinelli. O Aquário do Pantanal, iniciado pelo governo do MDB em 2011 com custo de R$ 84,7 milhões, só foi concluído 10 anos depois, no governo de Azambuja, com o Estado investindo mais de R$ 200 milhões. Com tudo isto, o MDB precisará de argumentos miraculosos para convencer os eleitores em 2024.