Humilhação.
Poucas palavras conseguem expressar com tanta fidelidade o injusto e descabido preço pago por centenas de milhares de pessoas que dependem de um ônibus para viver. Ou sobreviver. O transporte coletivo deveria ser um serviço com todos os atributos tecnológicos, operacionais e humanos para garantir bem-estar, segurança e dignidade a quem o sustenta, enriquecendo seus afortunados responsáveis.
Infelizmente esta realidade ainda não chegou a uma das cidades que está entre as grandes capitais do País, porém castigada por algumas absurdas contradições. O sofrimento dos usuários do transporte urbano de um lado e a nababesca rentabilidade dos concessionários do outro configuram a triste equação, cujo resultado é a prestação imprestável de um serviço constante e perversamente caótico.
O transporte dos usuários é feito como se fosse um favor. A frota que circula não é das mais modernas e sua renovação é questionável, até porque trafegam sem que as empresas cumpram seu dever e muito menos respeitem alguns direitos elementares dos passageiros. Veículos sem ar condicionado e com frequência congestionados; linhas sem cobertura; pontos de embarque e desembarque a céu aberto e terminais sem a devida manutenção.
E não acabou por aí. Os atrasos e o abuso tarifário (considerando seu custo-benefício) são acrescidos ainda pelos percalços causados pela carga de trabalho excessiva submetida aos motoristas, que hoje são obrigados a fazer o papel de cobradores e organizadores de filas. É este o cenário real, incontestável do sistema de transporte da Capital.
Nem mesmo existe um Conselho Municipal dos Usuários porque a Câmara de Vereadores não permitiu que a sociedade faça aquilo que ela deveria fazer e não faz, que é fiscalizar os serviços públicos e lutar por suas melhorias.
O verbo humilhar deveria ser varrido do mapa e da história da cidade. Mas isto seria acabar com uma farra que só agrada a meia dúzia.