Enquanto os vereadores mais caros do Centro-Oeste são omissos e complacentes com essa triste realidade
Com os termômetros beirando diariamente os 40º C, o trabalhador que depende do transporte coletivo em Campo Grande se vê às portas do inferno toda vez que tem de subir no ônibus para se dirigir ao seu posto de trabalho ou retornar ao lar ao final do expediente.
Não fosse bastante a temperatura causticante, os trabalhadores campo-grandenses são obrigados a viajarem espremidos tal qual sardinha enlatada em ônibus velhos, umas verdadeiras sucatas, sem ar condicionado e que se tornou muito comum quebrarem ao longo do trajeto, o que leva o trabalhador ao stress antes mesmo de iniciar a sua jornada de trabalho.
No caso dos veículos menos velhos – que não podem ser chamados de mais novos, já que não há ônibus novos na frota -, há casos de alguns dotados de sistema de refrigeração interna, mas, quando os motoristas são cobrados pelos usuários, eles informam que estão proibidos de ligar o ar condicionado para economizar combustível.
O caso do transporte coletivo em Campo Grande é uma doença crônica.
Há três anos, o ex-prefeito Marcos Trad (PSD), em um vídeo feito dentro de um ônibus, fez acalorado discurso de campanha reconhecendo ser terrível a situação enfrentada pelos usuários dentro dos ônibus velhos e sucatados, sem ar condicionado e viajando espremidos devido o número de veículos disponibilizados pelo Consórcio Guaicurus não atender à demanda de passageiros.
Passado esse tempo, os usuários continuam relegado a segundo e terceiro plano e enquanto isto, os vereadores da Capital, os “ilustres representantes do povo”, que deveriam brigar pelos usuários do transporte coletivo, estão pouco se lixando se a atual situação dos ônibus coloca em risco diário a vida dos trabalhadores.
O bem-estar e a segurança de pais e mães trabalhadores prometidos por Marquinhos Trad em discurso, avalizado por muitos dos atuais vereadores, ficaram apenas na promessa.
Nada mudou.
Os vereadores de Campo Grande recebem o maior salário do Centro-Oeste, superando seus colegas de Goiás, Mato Grosso e até mesmo os deputados distritais do Distrito Federal. Sem falar que em algumas capitais, como Goiânia, não existe a famigerada verba indenizatória da qual, aqui, os nobres edis não abrem mão.
Na Câmara, não fossem as raríssimas exceções conhecidas pela população, quando se fala no assunto transporte coletivo o silêncio é sepulcral.
Ninguém fala nada sobre a situação.
Entretanto, 2024 está chegando e é ano de eleição.
Com certeza, como ocorre de quatro em quatro anos, aparecerão novamente os criadores de ilusão demonstrando preocupação com o sofrimento dos trabalhadores nos ônibus, com o péssimo atendimento oferecido nas UPAs, o abandono dos professores e das professoras que ficaram 15 dias acampados em frente à Prefeitura e só receberam a visita de dois vereadores, o Professor André e Marcos Tabosa.
Diante desse quadro se torna bem concreta a frase verbalizada há 15 dias atrás pelo experimentado vereador Valdir João Gomes: “Tem dias que tenho vergonha de falar que sou vereador”.