Sérgio Roberto de Carvalho liderava uma organização criminosa especializada no tráfico de drogas marítimo, terrestre e aéreo para Europa
Depois de viver uma história que mais parece roteiro de filme sobre a máfia e até forjar a própria morte, Sérgio Roberto de Carvalho, o major Carvalho, teve o direito a aposentadoria cassado pela Ageprev (Agência de Previdência Social de Mato Grosso do Sul).
A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado desta terça-feira (24).
Major Carvalho ou “Pablo Escobar Brasileiro” se tornou um dos maiores traficantes de cocaína do Brasil bem antes de deixar a Polícia Militar de Mato Grosso. Isso só aconteceu mesmo em agosto deste ano, quando já estava preso e acabou excluído da instituição. Mas até então, vivia na Europa e de lá, por telefone, comandava o envio de grandes cargas da droga por mar e terra.
Em grande parte desse tempo ele recebeu, mensalmente, a aposentadoria. De 2011 a 2015, no entanto, o direito foi suspenso porque o major não apareceu para a prova de vida. O motivo era apenas um; na mesma época ele tentava provar para o resto do mundo que estava morto.
A dúvida só acabou mesmo com a sua prisão na Hungria, no meio do ano passado.
Depois disso, ele entrou na justiça para receber a aposentadoria. Apesar da lista criminal extensa, Carvalho ganhou o direito de receber R$ 1,3 milhão. Antes mesmo de todo o valor ser pago, a Justiça do Paraná, onde ele é investigado pela Polícia Federal, decretou o sequestro do montante.
No meio dessa confusão judicial, a exclusão de Carvalho da Polícia Militar foi decretada e agora a cassação da aposentadoria publicada oficialmente.
Quem é Major Carvalho?
Considerado o “Escobar brasileiro”, referência ao narcotraficante Pablo Escobar, Sérgio Roberto de Carvalho liderava uma organização criminosa especializada no tráfico de drogas marítimo, terrestre e aéreo para Portugal, Espanha, Itália, Bélgica, Holanda e Alemanha.
Quando foi preso, Carvalho estava foragido da justiça brasileira, portuguesa e espanhola. Era apontado como um dos principais nomes no tráfico de cocaína para a Europa e já estava condenado a 13 anos pelo crime na Espanha.
Segundo a polícia, era o ex-policial quem gerenciava as grandes remessas de cocaína enviadas a Europa e cuidava tanto do contato com os fornecedores, como do recebimento seguro das cargas. Tudo controlado por telefone.
Antes disso, viveu por anos no exterior sob a identidade de Paul Wouter. Além do nome falso, se passou por um grande investidor e chegou a comprar uma empresa imobiliária em Portugal para legalizar seus negócios no país.
Quando descoberto, forjou a própria morte com um atestado falso assinado por um médico de Málaga.