Qualquer pessoa eleita pelas urnas, ganha uma autorização válida por quatro anos para representar quem o elegeu e, por extensão, o conjunto da sociedade. O político, quando tem mandato, não é obrigado a fazer tudo o que desejam os eleitores, contudo, tem a obrigação irrecorrível de honrar o mandato.
Honra-se o mandato fazendo aquilo que é simples: ser fiel à confiança da sociedade, legislando com responsabilidade e transparência, cumprindo seus deveres constitucionais e levando sempre em consideração os ditames da própria consciência e de algo que responde pelo nome de sensatez. Infelizmente, não é o que tem na grande maioria dos mandatos municipais da Capital.
Em recente editorial, esta FOLHA cobrou, questionou, criticou e até sugeriu aos vereadores procedimentos elementares de fiscalização. E não só o Executivo, mas a fiscalização de serviços públicos ou de concessões que atendem – ou deveriam atender – às necessidades básicas da população. O transporte coletivo urbano foi dado como exemplo. E a resposta dos nossos leitores foi imediata, de massiva e demolidora reprovação à pusilanimidade do Legislativo.
O julgamento extremamente negativo que os usuários dão ao serviço de transporte coletivo, equipara-se ao olhar decepcionado e reprovador dos eleitores aos eleitos que assumiram o cargo prometendo representá-los, mas, desde a muito deixam a desejar. Mostram-se incapazes de cumprir a promessa que, além de pessoal, moral e política, está configurada no livro constitucional e na Lei Orgânica do Município.
A população não generaliza suas críticas. Salva as exceções honrosas, porém não perdoa parlamentares omissos e subservientes, que nos últimos cinco ou seis anos formaram maioria para a Câmara fazer de conta que está tudo bem, que o cabide de empregos do Proinc não passou de intriga da oposição, que o calote salarial nos professores não existiu, que os abusos sexuais do ex-prefeito eram apenas seu “jeito carinhoso de ser”, que o atendimento à educação, à saúde e ao transporte funcionava e funciona às mil maravilhas.
E, sendo assim, se o poder que fiscaliza o Executivo entende que em lugar de fiscalizá-lo acha melhor com ele “construir parceria” e “andar em harmonia”, com olhos que só abrem para enxergar o que querem, para quê serve cumprir promessa ou obedecer a Constituição? Para quê cobrar das empresas de ônibus um serviço melhor e mais humano se o sistema faz o favor de não deixar as pessoas a pé? Para quê trabalhar em favor do usuário se é mais fácil e proveitoso agradar o concessionário e fazer a felicidade do concedente?
É por essas e outras que fica a cada dia mais forte e mais ampliada a voz de um povo que já cantou ou ao menos conhece aquele antigo, porém atualíssimo refrão: “Quem sabe faz a hora”! E a hora vem aí, não atrasa. É daqui a um ano. Outubro de 2024. Hora de mudar o que tiver que mudar, de manter quê tiver que manter, mas, sobretudo, de fazer com que a omissão, a inépcia e a conveniência sejam varridos como sujeira que são.
A hora de quem a faz vai chegar. Quem duvida, que espere acontecer. Como dizia o comentarista Boris Casoy “ISSO É UMA VERGONHA…”