Presidente Carlão e secretário Delei patrocinaram reajuste que vai engordar os seus holerites em 20%
O presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, Carlos Borges, o Carlão (PSB), e o 1º secretário Delei Pinheiro (PSD), responsáveis por atos desta natureza, patrocinaram com suas assinaturas o acréscimo de 20% nos adicionais que compõem a massa remuneratória dos 28 parlamentares. Com uma singela denominação (“ajuda de custo”), e amparado por outra filigrana, batizada de “verba indenizatória”, o adicional salta de R$ 25 mil para R$ 30 mil.
Até à elaboração e publicação desta matéria, não se tinha notícia de alguma reclamação formal dos vereadores que porventura se oponham ao reajuste. No entanto, eventuais protestos seriam inócuos, tendo em vista a concordância habitual da maioria com iniciativas dessa natureza e também o poder regimental impositivo da Mesa Diretora para sacramentar a medida, por meio da decisão da Mesa Diretora (leia-se: presidente e 1º secretário, os que assinam o ato).
O caso ganhou de imediato proporções de escândalo, especialmente por causa da situação do funcionalismo – como no caso dos professores -, que estão com problemas de perdas salariais. As contas municipais foram brutalmente exauridas durante a gestão do prefeito Marquinhos Trad (PSD), que deixou na prefeitura um acúmulo de pendências financeiras, dívidas e compromissos acumulados. Esta situação vem se arrastando desde 2017 com o conhecimento da Câmara e a cumplicidade da base que sustentava o agora ex-prefeito.
OMISSÃO
Com o Município amargando uma das maiores crises de receita em sua história, na gestão passada Carlão utilizou seus sucessivos mandatos na presidência para coordenar a blindagem do prefeito. Em uma dessas “operações de abafa”, virou as costas a 13 vereadores que queriam abrir a “caixa preta” do transporte coletivo e articulou o esquema que matou a proposta de criação de uma CPI para investigar o Consórcio Guaicurus. O resultado aí está, com um serviço cada vez pior e as empresas cada vez mais ricas.
Em 2021, com Carlão no comando, a Câmara encaixou um reajuste de 48% na cota parlamentar, elevando-a de R$ 16,8 mil para R$ 25 mil. Nesta época, as contas publicas, a economia local e a população estavam abaladas pelos impactos da pandemia da Covid-19. Agora, a crise que parece ser dos outros e não da Câmara, ficará mais distante de quem se beneficiará de um oxigênio extra no holerite, justificado como “verba indenizatória para gastos com locação de veículos, combustível, material de expediente, gráfica, entre outros itens.