É grande a expectativa no País sobre como será o desempenho das mulheres que disputarão as próximas eleições municipais. Há quem aposte em duas tendências: uma, a de que aumentará o número de vereadoras; e outra, a de que as candidaturas femininas continuarão sem fazer frente às masculinas no confronto pelas prefeituras.
A verdade é que não se pode dar certeza absoluta para um resultado que ontem seria fácil prever, mas atualmente configura-se imprevisível, na contramão das eleições que ocorreram ao longo da história. As mulheres ocupam em maior quantidade os espaços representativos da política, isto inclusive nos colégios eleitorais mais conservadores.
Mato Grosso do Sul é um dos casos do tradicionalismo de gênero no poder político e eleitoral. A capital, Campo Grande, é um dos exemplos de hegemonia masculina no comando do Executivo. O tabu sofreu um pequeno arranhão em 1983. Foi quando a vereadora Nelly Bacha, por ser a presidente da Câmara, teve que cumprir a Constituição e preencher a vaga do prefeito deposto até que fosse nomeado o titular. Naquele ano não havia eleições diretas nas capitais.
Apesar de curto e provisório, o mandato de três meses de Nelly Bacha foi uma espécie de prenúncio para o futuro. E 33 anos depois, nas eleições de 2016, o tabu começava a ser quebrado. Primeiro, com a eleição de uma vice-prefeita, Adriane Lopes. Reeleita em 2020 e com a vaga do titular, que renunciou ao cargo para disputar o governo, Adriane assumiu e tomou posse em definitivo do principal mandato eletivo do Município.
Como se fosse um sinal verde, logo depois da investidura de Adriane vários municípios passaram a incluir nomes de lideranças femininas na lista de pré-candidaturas. Em Campo Grande mesmo, só um dos partidos, o PT, tem quatro mulheres concorrendo à indicação partidária para entrar no páreo sucessório local.
Estima-se que dos 79 municípios, em ao menos 50 elas estarão com toda força e animação abrindo caminho no eleitorado, querendo mostrar e demonstrar que têm as mesmas qualificações dos homens e que gênero não é mais um critério selecionador de direitos e de possibilidades na política.
Que elas façam a diferença!