Caroline Florenciano dos Reis Rech, 30 anos, teve a prisão preventiva decretada dia 11 de julho deste ano
Presa após denúncia de maus-tratos, Caroline Florenciano dos Reis Rech, 30 anos, dona da creche clandestina “Tia Carol”, foi indiciada pela Polícia Civil. A mulher foi pega em flagrante dopando e agredindo crianças no dia 10 de julho por equipe da Dam (Delegacia de Atendimento à Mulher) Naviraí, cidade a 359 quilômetros de Campo Grande.
Ela foi indiciada pelos crimes de tortura, maus-tratos e exposição da vida ou saúde de outrem a perigo direto ou iminente e, uma cuidadora por omissão perante as torturas e maus-tratos, além da ministração de medicamento cujo efeito colateral é sonolência. O inquérito policial foi concluído e encaminhado na quarta-feira (19) ao Poder Judiciário.
De acordo com a investigação da Polícia Civil, apesar do local ser conhecido como creche, tratava-se de residência que prestava serviços de cuidados a crianças, sem fins educacionais e não possuía alvará de funcionamento. No qual, a Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) apurou denúncias de maus-tratos, tortura e omissão cometidos pelas investigadas, contra, pelo menos, 20 crianças de zero a sete anos de idade.
Os elementos probatórios que foram coletados durante a investigação apontam que a proprietária agredia fisicamente e psicologicamente as crianças de maneira explícita, convicta da impunidade de cometer os atos ilícitos há meses, sem que nenhuma ação fosse tomada. Estava convicta nas dissimulações que fazia com os pais das vítimas e segura de que não seria descoberta porque boa parte das crianças sequer conseguia falar, já que eram bebês.
Segundo o depoimentos que são consistentes confirmam diversas informações que levam à conclusão de que as violações ocorridas no local eram sistêmicas, contínuas e extremamente graves, a ponto de ter colocado em risco a vida de inúmeras crianças, há, no mínimo, seis meses, quando a proprietária passou a cuidar das crianças no estabelecimento. O valor médio cobrado era de R$ 280 por criança.
Entre as agressões cometidas estavam puxões de cabelo, beliscões, tapas no rosto, pescoço escopo que era usados como desculpa para “castigar e disciplinar” as crianças, mas eram repassadas como acidentes domésticos aos pais, como se as vítimas tivessem caído e se machucado.
Em um dos casos, Caroline teria esfregado uma calcinha suja de fezes no rosto de uma menina de 6 anos, portadora do espectro autista. A medida teria sido usada como forma de punição porque a vítima teria feito cocô na calcinha e então precisava ser “doutrinada”.
Uma outra criança, de três anos, vomitou em uma das refeições e teve o rosto esfregado no prato por Caroline. Os relatos ainda dão conta de situações vexatórias com rodas para xingamentos e vítimas colocadas ajoelhadas no milho até sangrar.
Para a Dam, os depoimentos confirmaram as informações e levaram à conclusão de que as violações eram sistêmicas, contínuas e extremamente graves, a ponto de colocar em risco a vida das crianças há pelo menos seis meses, tempo que a creche clandestina esteve em funcionamento. O local funcionava no Bairro Sol Nascente e o valor médio por criança era de R$ 280.
Foram apresentadas filmagens feitas por mães das vítimas, onde as crianças apresentavam sonolência induzida, confirmada por laudo que foi causada por uso de medicamento contra indicado para menores de dois anos e indicado para enjoos, vômitos e tonturas.
Apesar do indiciamento das mulheres, as investigações continuam para identificar outras crianças que também foram vítimas na creche.