Com foco no desenvolvimento de novas tecnologias de maneira sustentável, o Governo do Estado investe em pesquisa e ciência para contribuir com a economia verde, beneficiando o meio ambiente e com impacto direto na geração de emprego e renda para a população de Mato Grosso do Sul.
Estudo que visa identificar quais são as diferentes biomassas disponíveis no Estado e os possíveis usos – além da geração de energia -, é conduzido pelas professoras da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), em Navirai, Daniela Cristina Manfroi – doutora em Química – e Tarsila Marília de Oliveira – doutora em Física.
A pesquisa recebeu auxílio financeiro do Governo do Estado, por meio da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul) como parte da ação “Mulheres na Ciência Sul-Mato-Grossense”.
O edital, formalizado em março deste ano, ampliou em 134% o número de projetos apoiados, passando de 26 para 61. Com isso, os valores investidos também aumentam, somando R$ 5 milhões apenas em iniciativas lideradas por pesquisadoras.
A execução do projeto “Reaproveitamento de resíduos agroindustriais como alternativa sintética de biotemplate através da síntese e caracterização de compósitos titanatos/óxido de grafeno” já obteve resultados relevantes, inclusive com uso para retirar impurezas da água.
“O tratamento de água é uma das possibilidades de uso. Constatamos que pode ser usado na remoção de corantes da água. Todos os materiais sintetizados possuem formas de membranas, são semicondutores, e podem atuar na remoção de moléculas orgânicas da água. Iniciamos o trabalho com a biomassa há dois anos, até então a gente só usava reagentes químicos adquiridos. Percebemos que a biomassa funciona muito bem para limpar a água”, afirmou a professora Daniela Manfroi.
O estudo da biomassa e como as nanopartículas interagem também são objetos da pesquisa. “Quando a gente faz pesquisa, temos como objetivo compreender o fenômeno. Neste caso, além de usar a biomassa, buscamos a fundo a compreensão das propriedades eletrônicas do material. Dentro da tecnologia, é uma grande chave, queremos compreender como usar a nosso favor, se o material tem energia, onde podemos captar. E a partir do estudo teórico, traçar outras características de uso que não pensávamos que era possível”, disse Tarsila de Oliveira.
Entre as biomassas já utilizadas estão o bagaço da cana e a palha do milho, e a próxima amostra a ser utilizada é de bagaço de soja. “Dessas foram feitas as primeiras sínteses de obtenção das membranas e agora será a investigação das propriedades ópticas, eletrônicas e estruturais”, pontuou a professora da UEMS, doutora em Química.
A intenção das pesquisadoras é garantir, por meio do estudo, um material confiável para ser usado em larga escala na indústria. “A relação entre as propriedades, atividades e a estrutura química serão investigadas profundamente através o uso de técnicas de caracterização estrutural e simulação computacional. Com isso, no futuro as indústrias podem ter mais previsibilidade na concepção de um material que elas precisem usar”, concluiu Daniela.
Com o valor recebido por meio do auxílio financeiro para execução do projeto, as pesquisadoras da UEMS, que coordenam as ações, vão adquirir equipamentos e reagentes.
Mato Grosso do Sul registrou em junho 3.739,67 MWh de potência instalada em operação total, entre geração centralizada e distribuída. Em termos de empreendimentos, são 78.759 usinas em ligação. Deste total, 84,58% da potência em operação é renovável, enquanto que 15,42% é não renovável.
Os dados fazem parte da Carta de Conjuntura de Energia produzida pela Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do Mato Grosso do Sul), que apresenta uma análise dos dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Considerando a origem dos combustíveis, a ‘biomassa’ responde atualmente pela maior parte da potência em operação com 51,85%. Em segundo e terceiro lugares, por sua vez, aparecem as energias de origem ‘Solar’ (22,89%) e ‘Fóssil’ (15,42%). Por fim, a energia de fonte ‘Hídrica’ fecha com 9,84%, de participação.
A bioeletricidade, energia elétrica gerada a partir da biomassa de cana-de-açúcar aumentou 365% a partir de 2015 em Mato Grosso do Sul. O crescimento contribui para o MS Renovável (Programa Estadual de Incentivo ao Desenvolvimento das Fontes Renováveis de Produção de Energia Elétrica), uma das ações do Plano Estadual MS Carbono Neutro – PROCLIMA, que tem objetivo de tornar o Estado, até 2030, território que neutraliza suas emissões de carbono.