Caroline Florenciano dos Reis Rech, 30, proprietária da creche Cantinho da Tia Carol, foi encaminhada ao presídio feminino de Rio Brilhante. Ela estava presa em Naviraí desde a terça-feira (11/7), em ação da DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher), acusada de tortura e maus-tratos contra crianças.
A mulher ficará isolada no local por questões de segurança. Na terça, durante o depoimento dado à delegada Sayara Quinteiro Martins Baetz, Carol chegou a alegar que na cadeia ou em liberdade, ela estaria ‘ferrada’.
A suspeita foi presa junto de outra cuidadora que trabalhava na creche, identificada como Mariana, 26. A jovem teve fiança de R$ 1.320 arbitrada, pagou e agora responde ao processo em liberdade.
Já Caroline teve a prisão em flagrante convertido em preventiva pela Justiça, que a definiu como uma pessoa de má índole, perigosa e agressiva, levando riscos à sociedade se solta.
O caso
Policiais civis da DAM de Naviraí prenderam Caroline e Mariana após relatos de maus-tratos na creche Cantinho da Tia Carol.
O lugar funcionava de forma clandestina e a suspeita apontava para agressões física, moral e psicológica nos menores, que ainda eram dopados com medicamentos que causam sonolência.
Diante da denúncia, a polícia conseguiu autorização judicial para instalar equipamentos de captura de áudio e vídeo. Durante duas horas de investigação, foi possível presenciar as cenas chocantes, conforme relatado pelos policiais.
Dopadas
Conforme os policiais, as crianças eram dopadas com medicamento para vômitos e enjoos, proibido para menores de 2 anos e que tem como um dos efeitos a sonolência para que parassem de chorar e dormir.
Além disso, durante acompanhamento das filmagens, os policiais disseram ter presenciado a proprietária do estabelecimento, que também era cuidadora, batendo a cabeça de uma criança de 11 meses contra o sofá, chacoalhando e jogando outra criança no colchão, dando tapas, gritando, entre outras ações.
No local havia 36 menores matriculados.
Sonolência, sede e fome
Mães que prestaram depoimento à delegada Sayara Quinteiro Martins Baetz, relataram praticamente a mesma forma como os filhos costumavam chegar em casa após horas na creche.
Nas conversas, boa parte cita os filhos chegando sonolentos – provavelmente por conta da medicação -, com muita fome e sede.
Uma das testemunhas, de 30 anos, disse ainda ter percebido mudança no comportamento do filho há aproximadamente três semanas.
O menino, de um ano e 10 meses passou a não querer mais ir à creche.
Em caso recente, o menor chegou com a boca inchada, porém, ao ser questionada pela mãe se ele havia caído, Caroline negou e disse que poderia ter sido uma ‘mordida na língua’.
A situação mais grave ocorreu com uma bebê de 11 meses. Ela foi flagrada na manhã de ontem (11/7) sendo torturada pela mulher. Além disso, relatos de outras crianças que presenciaram a cena e de Mariana, apontam que as agressões ocorriam de forma constante.
Outras testemunhas relataram que além dessas situações, alguns menores passavam por constrangimento. Como no caso de dois meninos que urinaram na roupa, foram repreendidos e chamados pelos outros colegas – a mando de Caroline – de ‘mijões’.
Essa situação foi relatada pelas próprias crianças ao serem questionadas pelos pais sobre o que acontecia dentro da creche.