Qual a razão do silêncio sepulcral do PSD ante as estrepolias de seu nobre filiado?
Há uma pergunta inevitável que anda fazendo muita gente de bem – de verdade – e sem encontrar a resposta de quem de direito: os escândalos que ligam o ex-prefeito Marquinhos Trad ao empresário André Patrola vão ficar por isto mesmo?
Espera-se que não. Por enquanto, o Ministério Público Estadual e as forças policiais agrupadas no Gaeco (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado) estão cumprindo seus papéis. Depois que as operações e as investigações forem concluídas com as denúncias pertinentes, o inquérito será submetido ao Judiciário e a este caberá proferir as adequadas sentenças, definindo e nomeando responsabilidades e responsáveis.
Até chegar este dia – que, ao acontecer, será um duríssimo golpe na tradição de impunidade – as pessoas e as forças verdadeiramente do bem precisam continuar atentas, vigilantes, pressionando, cobrando providências e resultados. E neste particular emerge um questionamento lógico: porque o PSD, partido do ex-prefeito, se mantém encolhido no silêncio?
Responder se é por covardia, conivência ou qualquer outro motivo é fazer juízo de valor. Mas a dúvida é legítima. É fruto da indignação. É cena de um filme que todo mundo já viu antes, e várias vezes. Um filme em que as conveniências usam panos quentes para amortecer o impacto da pancada, varrem a sujeira para baixo do tapete ou simplesmente fazem aquele trio de macacos que fingem não ver, não ouvir e não falar.
Mas a dúvida dos cidadãos e cidadãs não impede que se questione: qual a razão do silêncio sepulcral do PSD ante as estrepolias de seu nobre filiado? O presidente do partido, senador Nelsinho Trad, é irmão de sangue e de ficha do ex-prefeito. Se isto não responde à pergunta, então imagina-se que o PSD o considera inocente até prova em contrário. Ótimo. Mas que expresse de público esta salomônica solução. Ou o arco de suposições se espraie e inclua teses como as da covardia e da traição.
Com esta perversa receita de desprezo à ética e aos bons costumes, não do falso moralismo, mas pela verdade objetiva, o PSD e Nelsinho Trad, seu comandante maior no Estado, não se incomodam com a vergonhosa performance do filiado e irmão que vem habitando há meses as páginas da editoria de polícia como suspeito, denunciado e réu em crimes de abuso sexual e uso criminoso do poder e dos cofres públicos.