Uma das boas notícias do mês – e se os bons ventos continuarem soprando certamente estará entre as melhores do ano – é a confirmação da queda na taxa de feminicídios em Mato Grosso do Sul. Informação de total crédito – fonte oficial: a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
Os dados se baseiam nos casos que são flagrados pelas autoridades policiais ou encaminhados a elas. E se há uma queda no número de mortes do gênero, a explicação está exatamente na combinação entre a atitude de denunciar e a intervenção qualificada dos órgãos policiais.
Atesta a Sejusp que de janeiro a maio deste ano foram registrados 09 casos de feminicídio no Estado, metade dos 18 de igual período em 2022. O índice de 50% não é pouca coisa. É muito considerável, embora não se deva dormir sobre os louros.
Nos últimos anos o Brasil vem provando o amargo no sangue das tragédias familiares, de relações interrompidas sem acordo mútuo ou de estupros e outras formas de violência. E a quase totalidade dos óbitos tem no seu histórico a violência quase sempre fatal do mais forte fisicamente oprimindo as mulheres, geralmente amedrontadas pelo medo, silenciadas pela sensação de ingressarem nas estatísticas da impunidade.
Abrir a boca é a grande decisão que pode salvar as vidas sob ameaça. Abrir a boca, contar o que está sofrendo, dividir a dura realidade não apenas com a Polícia, mas compartilhando-a com pessoas de confiança, pode ser um meio de acuar o agressor ou de fazê-lo pensar duas, três vezes. Em suma: denunciar é melhor e oferece menor risco do que se calar, porque as agressões vão continuar à medida que o agressor se sente superpoderoso.
Os índices caem, porém é preciso redobrar a precaução, apostar na prevenção. Há muitos assassinos de mulheres à solta, à espera de qualquer pretexto para descarregar sua fraqueza na mais frágil.
Vale enfatizar ainda a importância dos trabalhos de conscientização, incentivo à denúncia e de providências repressivas que vêm sendo feitos pela Sejusp e organizações não-governamentais que atuam com práticas educativas. Em 2022, Mato Grosso do Sul teve a maior taxa de feminicídio do Brasil: 3,5 mortes a cada 100 mil mulheres, liderando o ranking nacional com a maior taxa de assassinatos (8,3 a cada 100 mil mulheres).
Mulheres e homens conscientes: vamos abrir a boca!