Algumas legendas abraçam ilusões que sabem não ter raiz ou estão plantadas em solo árido
Para algumas legendas estabelecidas há longo tempo em Mato Grosso do Sul, impõe-se, hoje, a necessidade inadiável de um repensar profundo, de rigorosa autocrítica. Ou tomam esta atitude para recuperar as possibilidades que já estão escasseando ou se retiram das cenas centrais para evitar danos mais devastadores à própria história.
As eleições municipais de 2024 serão consagradoras para os partidos que já aprenderam esta lição ou ao menos andam fazendo as lições de casa, com humildade e paciência. Em contrapartida, e sem surpresas, as disputas vão causar, com seus resultados, o aprofundamento da agonia e até mesmo a morte de projetos que poderiam ter um mínimo de blindagem ou sobrevida.
Tais responsabilidades competem aos partidos e, por conseguinte, a seus dirigentes e líderes. Há casos fáceis de tomar como exemplo. O MDB, que já foi o maior partido e o grande papa-votos do País é hoje, de estado a estado, uma sombra na representação política. Continua resistente, sim, mas a cada eleição frustrada perde viço, perde brilho, perde espaço, perde gente.
O PSD, neste recente capítulo de sua quilométrica história, anda cheio de buracos políticos e programáticos, embora tenha saído com um saldo dos mais interessantes da eleição de 2022. Se cresceu no quadro geral do País, na conta dos estados vem sofrendo revezes eleitorais e até humilhações de ordem ética, como ocorreu em Mato Grosso do Sul com a candidatura do ex-prefeito Marquinhos Trad.
No MDB, de André Puccinelli, e no PSD, da família Trad, não está nada tranquilo pensar nas conjugações temporais. Há um passado glorioso, porém o presente é incerto e o futuro imprevisível. Para alguns de seus filiados de ponta, o cenário é tão nebuloso que eles mesmos se perguntam: será que teremos futuro?
Com uma dúvida deste tamanho, e dentro dela um fardo a cada dia mais pesado para carregar, emedebistas e pessedistas abraçam ilusões que sabem não ter raiz ou estão plantadas em solo árido. Ainda assim, teimam em arrotar caviar após ingerir farofa, lançando candidaturas aqui e ali, a torto e a direito, ou valorizando artificialmente o passe para negociar.
É preciso que organizações políticas desse campo se respeitem e se conheçam melhor, para que respeitem as urnas e conheçam melhor o que representam hoje para a sociedade. Sem presente, não há futuro. Sem futuro, é só ilusão, o que brilha é ouro de tolo.