Enquanto a Capital agoniza, com risco de insolvência, saúde sucateada e acordos salariais não cumpridos, Trad ensaia voltar à cena do crime
Campo Grande virou ruína com as construções inúteis e intermináveis da gestão do então prefeito Marquinhos Trad (PSD). O político abandonou o cargo para disputar o Governo do Estado apenas um ano e três meses depois da reeleição. Fez mais: colocou o município com a pior situação fiscal entre as capitais. A vice Adriane Lopes (Patri) assumiu o cargo sem ter ideia – presume-se – do que estava herdando naquele 1º de abril de 2022, data da renúncia de Trad.
O tempo passou e as previsões do MS em Brasília, dos poucos veículos de comunicação que fizeram seguidos alertas sobre a situação crítica de Campo Grande, tristemente se confirmaram. Os avisos tiveram como base dados, números e informações do Tesouro Nacional. Nada fora disso.
Quarta-feira (17) da semana passada, novo alerta em primeira mão do MS em Brasília: Campo Grande está na iminência de gastar mais do que arrecada, o que seria tragédia para a população da cidade, uma vez que faltaria dinheiro até para compra de remédios. Em janeiro e fevereiro, as despesas aumentaram 0,90 ponto percentual e alcançaram 98,65% das receitas. O município, com isso, está a 1,35% de estourar suas contas.
Enquanto a Capital agoniza, com risco de insolvência, saúde sucateada, acordos salariais não cumpridos e prefeitura sob investigação por manobras ilegais na folha de pagamento de pessoal, Trad ensaia voltar à cena do crime. Isso mesmo! Quer disputar vaga de vereador em 2024.
Ressurgirá com a cara-lambida de outrora, como diriam nossos avós. Como se não tivesse deixado Campo Grande mergulhada no caos administrativo, moral e financeiro. Será o bom marido e bom pai de meninas, desprezando processo que corre contra ele, indiciado por três crimes sexuais: assédio, importunação e incentivo à prostituição. Bem possível que o eleitor distraído ou fanático dê a ele grande votação. Mesmo que esse fato ocorra, seus malfeitos não ficarão encobertos.
Eleito para reorganizar Campo Grande financeira e administrativamente, só teve olhos para obras de tapa-buracos, por onde escorrem milhões em dinheiro público. Iniciou obras desnecessárias sem terminar as antigas. Gastou tempo assediando mulheres e preocupou-se somente em dar emprego a milhares de cabos eleitorais, utilizando programa social para pessoas em situação vulnerável. Cuidou muito bem do seu curral político.
Não cuidou das pessoas. Não cuidou da saúde nem da educação. Mas esteve sempre em evidência com populismo chulo. Dançou na rua, beijou crianças e mulheres, carregou cestas de alimentos nos braços durante a pandemia, chorou no lançamento da sua candidatura ao governo. Sempre com voz e semblante de bom samaritano. O rei da dissimulação.
Teve apoio da classe política (governador, deputados estaduais, deputados federais e senadores) para reerguer as finanças de um dos municípios mais ricos do país. Em vão. Sob Trad, a cidade atingiu as profundezas da irresponsabilidade fiscal. Sem equilíbrio entre receita e despesa, Campo Grande não saiu de 2017.
Ao fim e ao cabo, a prefeita Adriane Lopes herdou a pior gestão financeira entre as capitais, segundo o Tesouro Nacional. Em 2021, conforme publicado pelo MS em Brasília, a Capital esteve à beira da insolvência. Foram muitas situações graves ignoradas por Trad e por seu então secretário de Finanças e atual deputado estadual Pedrossian Neto (PSD).
Marquinhos ressurgirá com a mesma cara que, dissimuladamente, nega que tenha sido funcionário fantasma da Assembleia Legislativa, em 1986, no gabinete do pai, o então deputado estadual Nelson Trad. Em 1988 foi efetivado no cargo, sem concurso, onde permanece até hoje, podendo, inclusive, pedir aposentadoria por tempo de serviço.