O advogado de Christian Campoçano Leitheim foi retirado do tribunal. Todos os depoimentos prestados seguem com valor judicial e a audiência será retomada, em uma nova data, de onde parou
O advogado de defesa de Christian Campoçano Leitheim, padrasto de Sophia Jesus Ocampo, assinada em janeiro de 2023, foi expulso da 2ª audiência de instrução do Caso Sophia, realizada nesta sexta-feira (19), pela 1ª Vara do Tribunal do Júri em Campo Grande.
A audiência foi suspensa após o advogado de defesa de Christian desobedecer uma ordem do Juiz Carlos Alberto Garcete, titular da Vara. A expectativa é que os trabalhos sejam retomados na sexta-feira (26).
“É ordem judicial, retire os dois daqui agora. Isso é para aprender a respeitar ordem judicial. O senhor veio aqui para ficar me contestando?”, indagou Garcete ao pedir a saída do advogado de defesa.
Seriam ouvidas quatro testemunhas de acusação e outras onze de defesa durante esta tarde. Todos os depoimentos prestados seguem valendo e, assim que uma nova data for marcada, a audiência será retomada do ponto em que foi suspensa.
Presos há 113 dias, Christian Campoçano, 25 anos, é acusado de estuprar e matar a crianças aos 2 anos de idade, enquanto Stephanie de Jesus Da Silva, 24 anos, mãe de Sophia, também seria ouvida, sob a acusação de omissão e homicídio doloso.
O CASO
No dia 26 de janeiro, a mãe levou Sophia à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Coronel Antonino, onde a menina já chegou morta. O médico legista constatou que o óbito havia ocorrido cerca de sete horas antes.
Em depoimento, a mãe confirmou que sabia que a menina estava morta quando procurou a unidade de saúde. “O médico legista constatou que Sophia foi morta entre 9h e 10h do dia 26 de janeiro, sendo que ela foi encaminhada para a UPA somente às 17h. No período da tarde, ela já estava morta, e a mãe e o padrasto estavam em casa”, disse a delegada Anne Karine Trevisan.
O laudo de necrópsia do corpo da menina, emitido pelo Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL), apontou que a causa da morte foi por traumatismo na coluna cervical e confirmou que Sophia foi estuprada.
A declaração de óbito aponta que a causa da morte foi por um trauma na coluna cervical, que evoluiu para o acúmulo de sangue entre o pulmão e a parede torácica. O documento ainda diz que a menina sofreu “violência sexual não recente”.
Stephanie de Jesus Da Silva e Christian Campoçano Leitheim, mãe e padrasto de Sophia, estão presos preventivamente pelos crimes de homicídio qualificado e estupro de vulnerável.
A quebra de sigilo telefônico do casal mostra que os dois sabiam das implicações da morte da menina de 2 anos e 7 meses e tentaram criar uma história para contar à polícia. “Inventa qualquer coisa, diga que ela caiu no parquinho”, escreveu o padrasto da criança.
“Durante o depoimento, a mãe disse que a Sophia tinha passado mal, estava com a barriga inchada por ter comido muita maionese. O padrasto ficou em silêncio e não quis se manifestar”, relatou a delegada responsável pelo caso, Anne Karine Trevisan.
As idas de Sophia à unidade de saúde eram frequentes. O prontuário médico da menina consta que ela passou por 30 atendimentos médicos em unidades de saúde da capital, uma delas por fraturar a tíbia.
A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) investigou se houve falhas nos atendimentos prestados à menina. O processo administrativo vai ouvir servidores públicos da Sesau para colher informações. Tudo que for coletado durante a investigação será enviado à Justiça e à Polícia Civil, segundo o secretário Sandro Benites.