O doce sonho da reeleição de quem ainda não percebeu que seu tempo já passou
É cedo para apostar ou fazer qualquer análise conclusiva sobre como será o tabuleiro de disputas nas próximas eleições. Em 2024, para prefeitos (as) e vereadores (as), desenha-se nos municípios um quadro relativamente mais visível para as prováveis disputas, tendo em vista a grande quantidade de gente que saiu das urnas de 2020 pronta para outros voos, em especial quem teve desempenhos convincentes.
Já para 2026, é mais difícil sair da mera especulação sobre possíveis mosaicos. Ainda assim, é possível antever, em avaliação racional, um cenário de Mato Grosso do Sul com determinadas situações que hoje trafegam no curso da normalidade. É o caso da disputa pelas duas vagas senatoriais. Os senadores Nelsinho Trad (PSD) e Soraya Thronicke (União Brasil) estarão concluindo seus oito anos de mandato.
Se ambos concorrerem à reeleição, Trad e Thronicke precisarão ter muito mais do que têm ou já tiveram, tanto eleitoral, como politicamente. A conta com os eleitores é alta e pagá-la torna-se, a cada dia, uma tarefa das mais complexas. Além da escassez de capital eleitoral, o saldo político não é tão robusto como no ano em que se elegeram, ele pelo acúmulo de vitórias nas urnas e ela pelo “efeito Bolsonaro”. Hoje, tais fatores se esvaziaram.
Porém, ainda que fosse outra a conjuntura, há um problemão diante do projeto de garantir mais oito anos em Brasília. Um não, dois problemões: as presumíveis candidaturas do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e do deputado federal Vander Loubet (PT). Cada um com seu cada um, mas os dois levando consigo acúmulos opostos aos de Nelsinho, principalmente. E não é difícil comparar.
Enquanto Azambuja segue com sua coroada trajetória, após mandatos muito bem sucedidos, especialmente os oito anos de um governo vitorioso, Loubet cumpre o sexto mandato consecutivo na Câmara. Se Azambuja foi apontado como um dos três melhores governadores brasileiros, aquele que enfrentou e derrotou crises e as incertezas delas decorrentes, Loubet se fez indiscutível como o principal carreador de recursos para o Estado.
Assim, tarefa ingrata enfrentar dois prováveis candidatos que estão de bem com seus feitos e com o eleitorado. Ingrata para quem, como Nelsinho Trad, não soube honrar a confiança que anos a anos a sociedade depositou em seu nome. Além de denúncias de má aplicação de recursos públicos, como o “Caso Gisa”, e o endividamento da prefeitura, também é alvo da decepção e do desencanto de quem se iludiu com suas juras.
É evidente que não apenas Azambuja e Loubet têm crédito para pedir o apoio dos eleitores. Não terão sido os únicos com esta credencial. Porém, servem de exemplo para ilustrar o pesadelo que substituirá o doce sonho da reeleição de quem ainda não percebeu que seu tempo já passou.