O procedimento começou às 7h, dessa segunda-feira (8), e foi até às 22h do mesmo dia e contou com auxílio de uma equipe médica e também de mais 3 pessoas da equipe do tatuador
Com 18 anos de profissão e mais de quatro mil tatuagens feitas ao longo do tempo, o tatuador Kallel Reche, realizou mais um feito em sua carreira. Com um procedimento pioneiro em Mato Grosso do Sul, o artista passou 15h dentro do centro cirúrgico “fechando” as costas de um cliente.
“Três fatores foram essenciais para decidir fazer a tatuagem no centro cirúrgico: tempo, dor e cobertura. Ele tinha uma tatuagem antiga, muito feia, que não queria remover no laser por causa da dor, então eu acho que isso veio para somar e devolver a autoestima dele”, contou Kallel.
Segundo o artista, o projeto começou muito antes da execução. Primeiro com uma entrevista de duas horas no estúdio para entender o que o cliente desejava, depois as medidas e, por fim o mais difícil, pensar em uma arte que agradasse o cliente e mais ainda, cobrisse a antiga tatuagem.
“Montei um projeto especialmente para ele, para conseguirmos cobrir. Desde quando ele marcou até um dia antes da execução eu vim lapidando, foram cerca de 8h de planejamento. Não é só sentar e mexer no projeto, eu fico com aquilo na cabeça, pensando no que eu posso fazer, ainda mais quando é um projeto gigantesco, muito difícil”, explicou o artista.
Ao todo, Kallel contou com a ajuda do tatuador Boeno e outras duas pessoas de sua equipe, fora o médico anestesista da Servan e mais duas pessoas que auxiliaram na sedação e garantiram a saúde do cliente durante todo o procedimento.
“Foi a primeira vez que fiz algo assim, tinha muito medo. Anestesia é uma coisa que a gente não sabe o que vai acontecer, mas minha esposa foi atrás para saber qual a melhor forma legal e segura de fazer esse procedimento. E foi ai que o médico explicou que uma anestesia geral seria um procedimento muito invasivo, por isso optamos por uma sedação, uma indução ao sono. O médico ficou o tempo inteiro na sala colocando anestesia e controlando tudo o que acontecia com o paciente”, relatou.
Conforme a empresa de anestesia, com a sedação endovenosa o paciente respira sozinho, tendo uma espécie de relaxamento muscular. “Durante o procedimento o paciente foi acordado para ir ao banheiro, levantou, conversou e depois retornou para a sedação”, explicou o médico anestesista.
Mesmo que a tatuagem tenha sido grande, o Kallel reforça que a cicatrização do cliente será melhor do que a de quem faz tatuagem “no seco”, devido a medicação aplicada.
O procedimento começou às 7h dessa segunda-feira (8) e foi até às 22h do mesmo dia. Apesar das 15h em pé, para Kallel foi um trabalho muito gratificante.
“Tem muitas controvérsias dessa parte de ‘a tatuagem tem que ter um processo’, eu também tenho essa ideia da tatuagem ser um processo, mas se isso veio para ajudar a resolver um problema de autoestima. A gente conseguir fazer esse procedimento, tudo certinho e bonitinho é maravilhoso. Eu estava muito seguro lá dentro. Fiquei feliz demais, o primeiro a fazer isso aqui. Foi mais um prêmio que ganhei na minha vida”, concluiu o artista.