Parece mentira, absurdo, desproposital – e é tudo isso. É o que se pode usar como adjetivo quando qualquer brasileiro reportar-se à estupidez de um governo que, ao longo de quatro estúpidos anos, espingardeou o bom-senso e tentou desmoralizar a Ciência e os cientistas. Não desmoralizou, mas fez da pandemia de Covid-19 uma tragédia maior do que seria se a doença não fosse oficialmente tratada como uma gripezinha e se sua vacina não tivesse sido rebaixada à categoria dos supérfluos.
Felizmente, apesar de toda dor pelos mais de 700 mil óbitos, aqueles quatro supérfluos anos passaram. A Ciência e os cientistas reocupam seus lugares e aceleram as soluções para os males que assaltam a humanidade. O coronavírus resiste ainda, porém já não tem o mesmo grau de letalidade e é combatido com maior eficiência pelas vacinas e outros medicamentos.
Outra solução importantíssima – e tendo Campo Grande no centro de seu protagonismo – é a resposta científica das mais eficazes para combater e prevenir a disseminação da dengue. A Capital de Mato Grosso do Sul vem com pioneirismo no uso da técnica que põe um tipo de mosquito contra o mosquito aedes aegypti, transmissor da dengue, da chikungunya e da zika.
Os cientistas descobriram uma bactéria, a Wolbachia, que infecta o Aedes Aegypti, diminuindo o ciclo de vida do inseto. E ela também pode afetar a população do Aedes de outra forma, se transmitida aos filhotes por uma fêmea infectada. Em Campo Grande já foram liberados até meados de março passado mais de 70 milhões de mosquitos com Wolbachia. Para isso, uma biofábrica foi implantada pelo WMP (World Mosquito Program), fruto de parceria com a Fiocruz.
Com esse know-how, o Município vai estender o projeto para todo o território nacional. A previsão é implantar mais uma biofábrica até 2024, e assim produzir em torno de 100 milhões de mosquitos, por semana. Vale sublinhar que esta é a primeira capital brasileira a carimbar a projeção de uma cobertura de 100% com o Wolbachia em seu território.
A dengue é uma doença poderosa e perigosíssima. No município, com 16,7 mil casos prováveis, cerca de oito mil foram notificados positivamente e sete óbitos estavam confirmados até o final da semana. Além da campanha de prevenção e combate e do uso dos borrifadores, agora a população terá um predador canibal para resguardá-la, atacando e reduzindo a população de aedes. Quem sabe os inimigos da Ciência e dos cientistas aprendam. E se não aprenderem, que tomem cloroquina. Talvez a gripezinha passe.