Investir a longo prazo e fazer o controle financeiro são alguns dos conselhos do advogado Átila Abella, especialista em direito previdenciário
Quem deseja se aposentar neste ano pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deve ficar atento às possíveis alterações impostas pela Reforma da Previdência, que entrou em vigor em 2019. De acordo com dados retratados no estudo do Ministério do Trabalho e Previdência, realizado em agosto de 2022, os segurados do INSS estão levando, em média, 2 anos e 8 meses para conseguir se aposentar.
Seja por idade, por tempo de contribuição, pela regra dos pontos, pedágio de 50% ou pedágio de 100%, os pedidos de aposentadoria passaram a seguir novas regras. “A Previdência Social é o principal programa de distribuição de renda do país e arca com os benefícios aos mais de 19 milhões de segurados do INSS, garantindo a eles assistência. A reforma de 2019, infelizmente, dificultou o acesso aos benefícios em alguns casos”, comenta Dr. Átila Abella, advogado previdenciário e cofundador do site Previdenciarista.
Entre as mudanças trazidas pela reforma estão o Cálculo do Benefício e as novas regras definitivas e de transição. Antes de 2019, o INSS realizava o cálculo da média salarial considerando os 80% maiores salários do tempo de contribuição do segurado desde 1994. Agora, o cálculo é feito com base na média salarial de todos os salários de contribuição. Já as Regras de Transição se referem ao aumento gradual de requisitos necessários para solicitar a aposentadoria, até que a regra geral seja de aposentadoria somente por idade, aos 62 anos para as mulheres e 65 anos para os homens. A ideia é que as pessoas que estavam no mercado de trabalho antes da implementação dessa regra possam se beneficiar de alguns termos da regra anterior enquanto cumprem as novas normas.
Com base nos dados da pesquisa, o Dr. Átila enxerga que a preparação para aposentadoria acabou sendo desestimulada por parte das pessoas que sabem o quão difícil o sistema previdenciário se tornou. “Com o desemprego em alta, a tendência é que as pessoas guardem o dinheiro que têm para algo mais imediato. Por outro lado, para os que têm emprego ou renda fixa, falta informação que destaque a importância de investir na aposentadoria, seja na previdência pública ou privada”, afirma Átila.
Devido à isso, o especialista traz 5 dicas para as pessoas que querem começar a planejar a aposentadoria:
1. COMECE O PLANEJAMENTO O QUANTO ANTES
Um erro muito comum, principalmente entre os mais jovens, é avaliar que são novos demais para planejar a aposentadoria e que a qualquer momento podem começar este processo. “Com a reforma da Previdência, cresceu muito a importância de um planejamento previdenciário precoce. Um advogado especialista pode indicar as melhores estratégias de contribuições e escolher o melhor benefício ao segurado, caso seja esse o caminho escolhido para seguir”, afirma Átila.
Por outro lado, investimentos em paralelo e um bom plano de previdência privada podem ser excelentes alternativas. “Se você tiver o hábito de separar uma parcela de tudo que você ganha, desde o primeiro salário, para a independência financeira, as suas chances de sucesso são muito maiores. Claro que sabemos que não são todos os trabalhadores que conseguem, devido aos altos índices de endividados no país, mas qualquer quantia já ajuda a manter o hábito”, alerta o advogado.
2. CONTRIBUA COM O INSS
Se você tem uma empresa ou é um funcionário assalariado, obrigatoriamente deverá pagar um percentual mensal, descontado em seu pagamento. Além de poder servir como um incremento de renda no futuro, o instituto funciona quase como uma “seguradora” em casos de doenças, acidentes e algumas licenças remuneradas.
3. UTILIZE A PREVIDÊNCIA PRIVADA
É uma excelente alternativa para aqueles que não querem depender apenas do INSS. Ao contrário da contribuição mensal obrigatória, existem várias opções, voltadas para diferentes perfis de investidor. Com ela, é possível determinar quanto você quer receber mensalmente quando se aposentar, por exemplo, e fazer um plano de acordo com o objetivo estipulado.
4. INVESTIMENTOS DE LONGO PRAZO
Além da previdência privada, outra forma de planejar a aposentadoria é realizar algum investimento de longo prazo. Assim, os valores obtidos pelos muitos anos de rentabilidade da aplicação poderão ser utilizados para proporcionar segurança e liberdade financeira no futuro. O ideal é que você escolha investimentos que, além de ter uma boa taxa de retorno, tenham um baixo risco.
5. CONTROLE FINANCEIRO
A última dica está relacionada ao andamento de todo o processo. Não há como planejar a aposentadoria sem realizar um controle financeiro eficiente. Independentemente do seu objetivo, cuidar das suas finanças pessoais, controlar os gastos e entender o destino da renda mensal é essencial para conseguir realizá-lo.
“Mesmo com uma baixa educação financeira, o brasileiro consegue distinguir suas necessidades das coisas supérfluas, então controlar os gastos e colocar os pés no chão diante de desejos rasos é um diferencial”, finaliza o especialista.