A mulher sobrevivente do ato bárbaro cometido por bolsonaristas, um deles CAC, perdeu também o marido. Tudo por causa de um jogo de sinuca
Uma outra gravação da chacina ocorrida num bar de Sinop, no Mato Grosso, na tarde de terça-feira (21), na qual sete pessoas foram assassinadas por uma dupla de bolsonaristas que perdeu uma aposta num jogo de sinuca, entre elas uma menina de 12 anos executada pelas costas com um tiro de escopeta calibre 12, mostra o momento em que uma das sobreviventes, mãe da garota morta e que também perdeu o marido, alvejado dentro do estabelecimento, se desespera ao encontrar a filha baleada fatalmente e caída no meio da rua.
Gritando muito, a mãe, que nas imagens do circuito de segurança aparece junto ao marido, à filha do casal e às outras vítimas no momento da insanidade cometida por Edgar Ricardo de Oliveira, 30 anos, e por Ezequias Souza Ribeiro, de 27, apenas repete “não” e “meu Deus”, enquanto o homem que faz a gravação com o celular parece incrédulo diante de tamanha brutalidade. “Eita, que desgraça”, diz o autor da filmagem.
Após registrar a desesperadora cena da mãe ajoelhada sobre o corpo da filha já sem vida na via pública, o homem entra no bar e mostra o cenário de barbárie, com vários cadáveres pelo chão e muito sangue. Passados poucos instantes a Polícia Militar e as viaturas do Resgate do Corpo de Bombeiros, assim como ambulâncias do SAMU (Serviço de Atendimento Médico de Urgência).
Edgar Ricardo de Oliveira, o criminoso que dispara com a escopeta, tem registro de CAC (colecionador, atirador e caçador) e mantinha uma ativa rotina nas redes sociais fazendo postagens pró-armamento e em favor do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro (PL), dizendo-se “cidadão de bem” e “com um objetivo na vida”, o que o faria “trabalhar das 5h até as 23h, ou meia-noite”.
Ele, que é sócio de um clube de tiro na cidade de Alta Floresta (MT), também disponibiliza vídeos nos quais aparece praticando tiro de forma descontraída num cenário que não parece ser apropriado para a atividade. Já Ezequias Souza Ribeiro, o outro assassino, que dispara com uma pistola, tem extensa ficha policial, com passagens por porte de arma ilegal, roubo, formação de quadrilha, lesão corporal e ameaça, além de ter um mandado de prisão em aberto contra si no Judiciário mato-grossense.
De acordo com a Polícia Civil de Mato Grosso e o delegado Bráulio Junqueira, responsável pelo inquérito dos múltiplos homicídios registrados no bar, ambos seguem foragidos e são alvos de uma caçada empreendida por todas as forças de segurança do estado.