O poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973) foi envenenado com clostridium botulinum, bactéria que causou sua morte em 1973, dois anos após vencer o Nobel de Literatura. É o que concluíram os especialistas convidados para formar o terceiro painel dedicado a estudar a causa da morte do escritor.
Neruda morreu no dia 23 de setembro na Clínica Santa María, em Santiago do Chile, 12 dias depois de Pinochet assumir o poder através de um golpe de Estado. A causa da morte alegada no atestado de óbito, câncer de próstata, foi descartada por uma investigação aberta pela Justiça em 2011, mas voltou a ser defendida em 2013 pelo primeiro painel de especialistas que se debruçou sobre o caso.
Mas a história volta a mudar. A agência Efe divulgou um depoimento do sobrinho de Neruda, Rodolfo Reyes, que adianta o resultado da nova investigação, conduzida por um painel internacional de cientistas que analisou exames efetuados em laboratórios da Dinamarca e do Chile.
“Posso dizer porque vi os relatórios”, disse Reyes. “Digo isso, como advogado e sobrinho, com muita responsabilidade. A juíza ainda não pode comentar nada ainda, porque ainda não tem todas as informações”. Reyes comenta o resultado da investigação que determinou que uma toxina encontrada em 2017 nos restos de Pablo Neruda foi injetada nele.
“É o que esperávamos, porque o painel de 2017 [o segundo] já tinha encontrado clostridium botulinum [nos restos do poeta]. Mas não sabia se era endógeno ou exógeno, ou seja, se era interno ou externo”, disse. “E agora comprovamos que era endógeno e que foi injetado”.
A juíza Paola Plaza deverá analisar as novas provas científicas apresentadas pelo relatório e determinar se existe razão para abrir um processo judicial sobre a intervenção de terceiros na morte do poeta.