Vitorioso no primeiro turno das eleições no Mato Grosso do Sul, o candidato do PRTB, Capitão Contar, declarou à coluna Radar, da revista Veja, que iria dispensar e buscar priorizar o apoio de pessoas que representem o espírito político de mudança da sua campanha:
“Não fiz coligação. Meu vice é do PRTB. Não tenho partidos ao meu lado que tragam histórico de corrupção. Tenho sido procurado por políticos agora, mas estou dispensando apoios. Quero ser eleito sem rabo preso para limpar a corrupção e trabalhar com moralidade”, diz Contar.
Em agosto deste ano Contar rechaçava a tentativa de adversários, segundo ele, de ligarem seu nome e o da sua mulher e candidata a deputada estadual, Iara Diniz Contar, ao ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad (PSD).Em vídeo anônimo compartilhado em grupos no aplicativo de conversas WhatsApp, o candidato e sua mulher têm seus nomes associados a Trad, que responde a uma série de acusações de crimes sexuais contra mulheres.
Em decisão do dia 18 de agosto, o desembargador Vladimir Abreu da Silva, do Tribunal Regional Eleitoral,
determinou a retirada do vídeo e das mensagens publicadas nos grupos, sob pena de multa diária de R$ 10 mil.
Ao comentar a decisão do TRE, disse: “Uma pergunta não quer se calar: a quem interessa associar minha imagem à de um ex-prefeito cheio de acusações de assédio sexual? Nós não somos como esses grupos da velha política, que utilizam práticas obscuras para tentar desacreditar quem ameaça seus planos de continuar no poder”, contra-atacou.
Mesmo assim, aceitou de bom grado o apoio de Marquinhos, do ex-governador do Estado, André Puccinelli, do MDB, e da deputada federal Rose Modesto, que após se desfiliar do União Brasil, está sem partido.
Discurso de pureza é um, mas na prática todo apoio é bem-vindo, mesmo que esse faça parte do que ele chama “da velha política”. Todos os três projetos reprovados pela população no primeiro turno estão agora alinhados ao Capitão Contar, num claro conchavo político.
Nem mesmo um discurso purista pode esconder o avanço patrimonial nos últimos 4 anos. O Capitão Contar, eleito deputado estadual em 2018, aumentou seu patrimônio em impressionantes 725% de lá para cá. De acordo com declarações de bens feitas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) há quatro anos, época que o parlamentar foi eleito, Contar registrou uma moto de 80 mil reais. Em 2022, o candidato afirma ser proprietário de três veículos, além de R$ 91 mil em contas poupança e créditos no valor de R$ 96 mil. Dessa forma, ao declarar R$ 583 mil, Capitão Contar apresenta um crescimento econômico de R$ 503 mil em apenas 4 anos.