Depois da derrota fragorosa do ex-prefeito Marquinhos Trad, que chegou em 6º lugar na disputa pelo governo do Estado, seu staff na prefeitura de Campo Grande perdeu o poder de fogo. Já era de se esperar que a prefeita Adriane Lopes agisse para limpar a área, mesmo porque havia um acordo que, independente do resultado do primeiro turno, ela faria algumas demissões e remanejamentos para montar sua equipe de trabalho.
Parece que finalmente caiu a ficha e a prefeita começa a exercer, de fato, o cargo. As demissões do secretário municipal de Governo e Relações Institucionais da Prefeitura, Antônio Cézar Lacerda Alves, presidente do PSD, e de seu imediato Robison Gatti Vargas, vice-presidente do partido e então secretário adjunto da prefeitura, e mais seis pessoas do gabinete nomeadas por Marquinhos Trad, demostram que agora ela manda no Paço Municipal.
É esperada nos próximos dias mais uma enxurrada de demissões, tanto de secretários quanto dos cargos comissionados, já que em quase todas as secretarias existem nomeados que pouco fazem pelo município e que, segundo denúncias, só estavam lá para embalar o delírio de Marquinhos Trad. Principalmente na Semadur e na Funesp, onde tem gente saindo pelo ladrão, sem função específica. São chamados de “os boleiros do time de Marquinhos”
Se Adriane Lopes quer tirar Campo Grande do atoleiro que se encontra, terá o apoio da população e das entidades organizadas na cidade. Não é possível a cidade com maior pujança do Estado conviver com 33 obras paradas e os bairros largados a sorte.
E os cortes dos comissionados serão necessários, pois sem isso não sobra dinheiro para realizar nada. As nomeações diretas feitas pelo gabinete do prefeito e secretarias – cargos em comissão e sem concurso – somam 1.365 pessoas, com custo mensal de R$ 13.002.665,25.
Os contratos temporários, também sem concurso público, incham o quadro em mais 5.752 servidores, que custam por mês R$ 12.405.447,51. Já o Programa de Inclusão Social (Proinc) atende 2.856 pessoas (dados de julho deste ano), gerando custo mensal (apenas com o salário mínimo de R$ 1.295,00 pago a cada um dos beneficiários) de R$ 3.695.664,00.
O total de gastos com esses 9.973 servidores chega exatos R$ 29.103.776,76. No caso do Programa de Inclusão Social, não estão computados na folha salarial os custos com cestas básicas e passes de ônibus. Então, dá para deduzir que o gasto com esse pessoal chega aos R$ 30 milhões por mês.
Também é de se elogiar a troca de secretários. Como modificar a cara desta gestão desastrosa se não mudar os nomeados por Marquinhos Trad? Primeiro trocou Lacerda pelo ex-vereador Mário César, anos luz mais competente, tem “know-how” político e flexibilidade nas suas ações. Enquanto o indicado pelo antecessor tinha a única missão de apagar os incêndios criados pelo prefeito. Já Mário César é experiente, tem bom relacionamento com a classe política e tem muito a contribuir com a gestão de Adriane Lopes na secretaria de Governo.
Todas as pastas são importantes, mas a Secretaria de Saúde chama mais atenção, já que mal administrada, como está, leva a morte. Alguns nomes já foram ventilados para substituir José Mauro Filho. A bem da verdade, quem vier fará uma gestão melhor.
Outras pastas, como de Finanças, Obras e Educação, também merecem atenção especial, já que são a mola propulsora do Executivo. Economicamente a cidade vive uma situação falimentar, a secretaria de Obras está paralisada e na Educação a reclamação não passa pelo ensino, mas pela precariedade das escolas.
Também terá que manter diálogo com o Governo Estadual e o Federal, por isso precisa de pessoas capazes ao seu lado, já que, por exemplo, o transporte coletivo só terá aporte do Estado de R$ 1,2 milhão por mês até dezembro. Em janeiro outro acordo terá que ser feito e para conseguir celebrá-lo terá que mostrar a que veio.
É certo também que grupos políticos queiram ter mais espaço na administração municipal e para isso acontecer é necessário haver uma aglutinação política. Que a prefeita tenha o discernimento e não se acanhe com cara feia, faça o que considerar melhor para o futuro de Campo Grande. Se assim o fizer terá espaço para disputar a reeleição em 2024. Mas se mantiver o mesmo padrão Marquinhos Trad de governança, o fracasso é certo.
Tenho Dito!