Em meio a um período de seca que já dura mais de três anos, Mato Grosso do Sul teve o mês de agosto de 2022 mais chuvoso das últimas três décadas, segundo boletim meteorológico elaborado pelo Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima do Estado).
Choveu mais nas regiões Centro e Sul do Estado, entre 80 e 200 milímetros (mm), com destaque para o município de Naviraí, onde a precipitação pluviométrica foi de 200 a 240 mm no mês. Campo Grande teve chuvas muito acima da média histórica (31,4 mm), registrando acumulado mensal de 239,4 mm e uma variação de 662,4% acima da média climatológica.
Em municípios das regiões do Pantanal, Sudoeste, Norte e Bolsão, as chuvas também ficaram acima da média. Porém o acumulado foi menor na comparação com o restante do Estado, entre 0 e 80 mm. Dentre os municípios monitorados, Paranaíba foi o único que teve chuvas abaixo da média histórica em agosto de 2022 onde, por exemplo, choveu 7,6 mm no mês, 43,28% menos do que a média mensal (13,4 mm).
A tradicional estiagem registrada em Mato Grosso do Sul nos meses de agosto é típico da época do ano, onde julho e agosto, conforme os dados históricos, são os meses com menores índices pluviométricos do ano no estado. Em anos de atuação do fenômeno La Ninã, condição climática que favorece a ocorrência de chuvas abaixo da média, principalmente na região Sul do Estado, esta situação de chuvas abaixo da média ou secas tendem a se intensificar.
Entretanto, entre os dias 7 e 10 de agosto, e também entre 16 e 18, a passagem de frentes frias, a mudança no fluxo dos ventos e o transporte de umidade favoreceram a ocorrência das fortes chuvas no Estado.
Os resultados analisados são das estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), além de pluviômetros automáticos do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
Mesmo com chuva, estiagem fez cachoeira secar
Apesar da grande precipitação pluviométrica registrada no mês de agosto em Mato Grosso do Sul, a chuvarada atípica não foi suficiente para estancar os efeitos da estiagem de longo prazo, que fez a maior cachoeira do Estado, a Boca da Onça, com 156 metros em Bodoquena, ficar totalmente sem água.
A seca prolongada que dura há muito tempo é a explicação para o acontecimento. “A longo prazo nos encontramos em situação de seca, há mais de três anos. 2019, 2020 e 2021 foram muito secos (chuvas abaixo da média histórica) e 2022 tende a fechar o ano abaixo da média anual de chuvas. Então, mesmo que o mês de agosto registre chuvas acima da média, não é suficiente para recuperar uma seca a longo prazo”, explica a meteorologista do Cemtec, Valesca Fernandes.
Mesmo acima da média, as chuvas de agosto não foram suficientes para encher os rios e minimizar os efeitos da estiagem. Em julho de 2022, por exemplo, choveu aproximadamente 75% menos do que média histórica em grande parte dos municípios sul-mato-grossenses. Ainda no mês de julho de 2022, a maioria das regiões do estado apresentaram 27 a 31 dias com chuvas abaixo de 1 mm, ou seja, uma condição praticamente sem chuvas durante todo o mês de julho.