O ex-prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, está sendo acusado por quinze mulheres pela prática de assédio sexual. Em 2018 duas delas eram menores de idade e os supostos abusos chegaram a ocorrer, segundo os relatos, dentro do próprio gabinete do prefeito.
E as acusações não param por aí. Consta também uma “festinha” realizada em uma fazenda em Coxim, em 2021, onde as mulheres tiveram o luxo de ser levadas de avião por dois empreiteiros com altos contratos públicos em Mato Grosso do Sul, ambos bem próximos de Trad. Essas revelações apontam suposto esquema de favorecimento à prostituição, com uma rede de aliciamento.
O mais conhecido dos empreiteiros é André Luiz dos Santos, o “Patrola”, dono da ALS, que já foi alvo de intimações no inquérito. Ele chegou a ser denunciado pelo MPMS por suposto pagamento de propina em troca de favores, em contratos com o município de Campo Grande.
Já o secretário de Relações Institucionais, Antônio Cézar Lacerda Alves, ficava a cargo de fazer a logística, até porque, segundo comentários, ele é o fiel escudeiro de Marquinhos Trad. Sempre protegendo o ex-prefeito, ele chegou ir atrás de uma denunciante na delegacia para tentar dissuadi-la ou contratá-la para trabalhar na prefeitura, o que, de fato, acabou acontecendo.
Essa “tutti buona gente” que cerca Marquinhos Trad, agora tenta de todas as formas desqualificar as vítimas, como se elas fossem culpadas de envolver emocionalmente o “Galã do Cerrado”, como era conhecido na faculdade e acabou levando para a vida, como na Câmara de Vereadores e na Assembleia Legislativa. E, de acordo com as denúncias atuais, aprimorou seu “approach” na prefeitura de Campo Grande.
Com denúncias graves e consistentes, Marquinhos Trad, sob pressão, admitiu sexo com duas das denunciantes. O restante, segundo seus amigos, apaniguados e discípulos, é por conta de a Polícia Civil estar sendo usada politicamente para prejudicar sua candidatura ao governo do Estado.
Uma justificativa insana e totalmente sem cabimento, até a porque a Polícia de MS, pelo segundo ano seguido em levantamento do ‘Instituto Sou da Paz’, é considerada uma das mais preparadas do Brasil, sempre ocupando papel de destaque no ranking nacional. Para azar dos malfeitores e dos mal informados, nossos policiais civis resolvem o dobro da média dos casos solucionados no país.
O que não podemos esquecer é que essas mulheres estão aí na cidade e a quantidade de detalhes nos depoimentos leva a crer que realmente o ex alcaide cometeu, no mínimo, assédio, mediante promessa de emprego ou ganhos materiais. Usando do cargo que ocupou para conseguir vantagens sexuais. Uma vergonha inominável para uma autoridade que desvirtuava o cargo que exercia.
Contudo, nesta terça-feira chuvosa de 9 de agosto, um fato inédito aconteceu. A prefeitura da Capital amanheceu com uma batida policial. Viaturas da Delegacia da Mulher e da Delegacia de Proteção a Crianças e ao Adolescente fecharam o Paço municipal, até para os servidores, para cumprir mandatos de busca e apreensão.
Essa é a herança deixada por Marquinhos Trad, levando a prefeitura a todos os noticiários não por motivos nobres, mas por caprichos sexuais. A prefeita Adriane Lopes, que o defende e ainda faz campanha voraz pelo seu candidato ao governo, tem uma árdua missão, que é a de resolver as 35 obras paralisadas, manter o estafe dos cargos comissionados, a falta de recursos e os servidores batendo à sua porta em busca de reposição salarial. Esse é o legado maldito que Marquinhos Trad deixou para sua sucessora e população campo-grandense. Cuidado com o “efeito Denorex”, que parece, mas não é.
Tenho Dito!