A prefeita Adriane Lopes, há quatro meses no cargo, ainda não conseguiu colocar em prática um projeto de desenvolvimento para Campo Grande. Ela vive envolta em sucessivas conversas com sindicatos, que cobram melhores condições para suas categorias.
Mesmo fazendo parte da gestão desde o início, em 2017, ela era na verdade apenas testemunha ocular dos fatos. Mas agora, com a caneta na mão, não sabe o que fazer ou, se sabe, não consegue pôr em prática. Talvez por não ter indicado um assessor que tenha um mínimo de capacidade de gestão, porque está mais que comprovado que estes que ficaram não entendem patavinas nenhuma de administração. Eles, aliás, fizeram parte do caos que se instalou nos últimos dois anos, apoiando o ex-prefeito e líder Marquinhos Trad, colocando a cidade em um colapso sem precedentes.
Provavelmente, ela se pergunta o porquê, mas a razão é simples e qualquer campo-grandense sabe. Campo Grande aparenta não ter comando, ao menos no dia a dia. Ninguém parece querer pôr a mão na massa ou não tem competência para fazê-lo.
Com as contas da prefeitura em frangalhos e mais de 35 obras paralisadas, está sempre de pires na mão, pedindo dinheiro para o governador Reinaldo Azambuja, que já a ajudou com R$ 80 milhões e ainda resolveu o impasse do transporte coletivo, pagando o passe dos estudantes da Rede Estadual de Ensino. Não que fosse obrigação, mas para ele, que tem espírito municipalista, ajudar a Capital faz parte do seu projeto pensado para Mato Grosso do Sul.
Essa disposição da prefeita em pedir ajuda é muito importante, mas e a ordem urbana? E a conservação das ruas? E os moradores de rua? E os transportes? E a saúde? E a Santa Casa? Pode não ter piorado desde Bernal e Olarte, mas se houvesse uma disputa para ver quem é mais incompetente em termos de gestão, confesso que daria uma boa briga.
Sentar-se do lado de fora de um bar ou restaurante é um suplício. Pedintes a cada dez minutos (cinco, talvez), vendedores de balas e aquelas mesmas pessoas de sempre pedindo para inteirar a passagem de ônibus e contando historinhas tristes pra faturar um qualquer.
Campo Grande vai sendo deixada ao Deus-dará, às baratas, se tornando uma verdadeira casa de Irene e, assim, Adriane Lopes vai levando e rezando para que ninguém reclame. Mas enquanto a população sofrer nos postos de saúde, nas ruas esburacadas, nos ônibus velhos e lotados, essa falta de planejamento para nossa Capital vai acabar em derrocada. Indo pelo mesmo caminho de Marquinhos Trad.
Governança é hoje em dia um tema muito estudado em ambientes de governos, empresas e instituições. Ela depende de um tripé: comando, liderança e equipe. Faltam na prefeitura de Campo Grande desenvoltura a alguns e entrosamento entre outros. E o comando age como um títere do seu antecessor.
Tenho dito!