As denúncias contra o ex-prefeito de Campo Grande e pré-candidato a governador Marquinhos Trad são graves e merecem uma resposta plausível para a sociedade. A semana fecha com pelo menos 13 queixas de assédio na Polícia Civil. Ou você tem relações sexuais com grande número de mulheres em Campo Grande, ou você é prefeito. Os fatos demonstram que Marcos optou pelo sexo, haja vista a temerária situação em que ele deixou a cidade para sua sucessora.
O acusado alega que as denúncias são eleitoreiras, mas tem um detalhe significativo: em 2018 ele já era alvo de investigação na Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente). E a nova denúncia que surge é que ele silenciou uma adolescente de 17 anos que trabalhava na Guarda Mirim. Na época, a menor alegou ter sofrido ataque sexual.
No entanto, a jovem diz que não prosseguiu com a denúncia para “evitar perseguições”. Meses depois ela acabou nomeada sem concurso público na Prefeitura. É um fato, no mínimo, estranho e que configura crime. Aproveitar da ingenuidade de uma menor, adolescente, certamente em situação de fragilidade e em condições financeiras precárias, e dar emprego a ela, é o mesmo Modus Operandi que apontam as denúncias atuais. Sexo em troca de promessas de emprego. O toma lá, dá cá do sexo. Que vergonha, ex-prefeito Marcos Trad! Realmente, o senhor deve explicações à Justiça e à população sul-mato-grossense.
O detentor de cargo público insiste com essa “rotina de vida inusitada” como se fosse normal, que o levou a ter a fama de galanteador, de Don Juan do Cerrado e que remonta aos tempos de faculdade, passando pela docência, chegando aos órgãos do Legislativo e, mais recentemente, ao Executivo, onde suas peripécias parecem ter chegado ao fim, após mais de três décadas de intensa atividade.
Nessas duas últimas etapas da vida pregressa, digamos, Marcos Trad invadiu o campo público porque passou a ocupar cargo eletivo, em que sua condição sempre esteve acima da mulher cortejada, ou subjugada, na maioria das vezes em situação financeira inferior à realidade do vereador da Capital, deputado e prefeito.
Em qualquer outra situação, assediador desse porte estaria atrás das grades, respondendo por seus crimes. Os boletins de ocorrência em que as vítimas contam detalhes sobre os casos de assédio são chocantes, pela forma espontânea e fria com que o então prefeito enxergava seu comportamento.
O pré-candidato, o seu partido, o PSD, e seus irmãos — o senador Nelsinho e o deputado federal Fabio, candidato à reeleição — ainda têm gotas de saliva a gastar do ponto de vista legal, como a de que tudo não passou de “armação” contra um político que, de pronto, assumiu que teve relação com duas das quatro mulheres que o acusaram.
Moralmente, não há muito que se fazer. Com a confissão de adultério, a candidatura está, inapelavelmente, no chão. Diante dessa situação, segundo um advogado criminalista, só tem dois caminhos. O primeiro seria arrumar uma saída “Mandrakiana”, se é que ela existe, para o ex-prefeito convencer as autoridades e a população. A segunda seria ele renunciar sua candidatura, sob pena de o sangramento começar a afetar todo o processo familiar e político.
Tenho dito!