Mãe denunciou caso ao Ministério Público e pede Justiça: “Vi meu filho agonizando até a morte”
Evelyn Amorim de Arruda, de 29 anos, e Wallyson Brandão, de 28 anos, pedem Justiça após a morte do filho, de dois meses, Ravy Luiz Arruda Aldama, ocorrida na noite da última segunda-feira, (25), no corredor do Pronto-Socorro de Corumbá. Para o casal, houve negligência médica no atendimento ao bebê, que teve a morte, de acordo com o atestado de óbito, por choque cardiogênico, insuficiência respiratória e cardiopatia congênita.
Muito abalada, em entrevista ao Diário Corumbaense, nesta quarta-feira, 27 de julho, Evelyn Amorim, que sepultou o filho na terça-feira e estava segurando a chupeta dele amarrada a um ursinho, diz que só quer Justiça, uma resposta ao que aconteceu.
Ravy, conforme a mãe, deu entrada no Pronto-Socorro, por volta das 18h30, da segunda-feira, e, até então, não havia apresentado problema de saúde. “Eu estava em casa por volta das 18h, com meu filho, deitado na caminha com o irmão dele, de 10 anos, assistindo desenho. Foi quando percebi que meu filho estava com falta de ar e mudando de cor, paralisado. Corri com ele para a rua, os vizinhos me ajudaram tentando reanimar ele, então, corremos até um local mais próximo, que foi o Corpo de Bombeiros, chegando lá, eles estabilizaram meu filho e o Samu levou meu filho para o Pronto-Socorro”, disse Evelyn.
Chegando ao Pronto-Socorro, a mãe conta que a equipe do Samu relatou à ela o que estava acontecendo, momento que começou o desespero dela na tentativa de salvar a vida de Ravy.
“Foi relatado lá pelo Samu o que aconteceu e como o meu filho estava, só que eles não deram a mínima importância (já no pronto-socorro). Deixaram meu filho na maca comigo, colocaram só como se fosse um inalador, maior que o rosto dele, improvisaram uma máscara descartável enrolada para segurar nele e pediram para que saísse de lá. Mas não saí, pois se eu tivesse saído dali meu filho teria morrido sozinho. Eu fiquei o tempo todo do lado do meu filho vendo ele morrer, ele olhando pra mim, eu pedia para o médico que estava ali no momento, que estava passando plantão para outro, pedia dizendo à ele que meu filho estava morrendo. O olho dele, a parte branca estava ficando com gotículas de sangue, mas ele falava que era normal, que era assim mesmo, para eu ficar calma, pois se quisesse continuar ali com meu filho eu tinha que ficar calma”, disse ao lembrar de tudo o que passou.
A partir deste momento, ao ver como Ravy estava piorando, Evelyn afirma que o filho foi levado do corredor, onde estava na maca, para fazer exames. “Eles levaram meu filho para fazer o exame de raio-x, e, eu achei que dali iriam socorrer meu filho, porque já iam ver o que estava acontecendo, mas eles simplesmente encostaram meu filho no corredor do pronto-socorro e me deixaram sozinha com ele. Eu tentando colocar a máscara nele a todo momento, ele estava agonizando, via que ele estava morrendo”, relatou.
Evelyn diz que neste instante, as enfermeiras passavam ao seu lado. “As enfermeiras passavam do meu lado, eu falava que meu filho estava morrendo, elas alegavam que era normal, só depois que meu filho já estava morto, pegaram ele e levaram para dentro, para reanimar. Nenhum médico aparecia, foi aí que fomos atrás do médico Manoel João, que nos ajudou bastante, chegou de kimono, pois já não estava mais trabalhando, fez de tudo para salvar meu filho, por muito tempo ele tentou, mas foi em vão, meu filho já estava morto”, falou Evelyn que ainda frisou: “as enfermeiras ao invés de irem atrás de um médico, para socorrer meu filho, chamaram a Guarda Municipal e a Polícia para tirar a minha família de lá, com cassetete e tudo.”
Não tinha problema de saúde
A mãe reafirmou que Ravy não tinha nenhum problema de saúde, muito menos no coração, como consta no atestado de óbito, como uma das causas da morte do bebê.
“Ele não tinha problema de saúde. Eles estavam tratando o caso do meu filho como se ele tivesse engasgado, meu filho não estava mamando, não estava engasgado, eu já tinha ido cinco dias atrás ali mesmo, foi feito um raio-x do pulmão e apontou uma manchinha. O médico disse que não era nada grave, me deu amoxicilina para dar ao Ravy, em casa em doses pequenas, dizendo que em cinco dias ele estaria bem. Só que nesse quinto dia ele passou mal, e aconteceu tudo isso”, afirma Evelyn.
Ainda segundo a mãe, logo após a morte do filho, a equipe médica alegou outras causas, o que para ela, é impossível, conforme exames médicos. “Uma mãe, quando o filho nasce, ela quer se precaver de tudo, meu filho fez testes do coração, não tinha problema nenhum no coração”.
“Foi negligência sim, tanto por parte do médico que estava na hora quando cheguei até o momento em que ele trocou o plantão na minha frente. Eu via tudo aquilo ali, eles não socorreram o meu filho, nem o médico que saiu e nem a médica que entrou. A única coisa que o médico fez foi ficar do lado da maca, onde ele olhava meu filho e olhava para o relógio a todo momento”, revelou Evelyn.
Sentimento de revolta
“O sentimento é de revolta. Gerei meu filho nove meses, tive meu filho por dois meses. Fecho meus olhos vejo meu filho sorrindo pra mim”, falou a mãe segurando a chupetinha e o ursinho de Ravy: “ele não desgrudava disso aqui. A naninha dele”, fala.
“A gente quer Justiça. Não queremos dinheiro, indenização, a gente quer que todos saibam o que aconteceu, finalizou Evelyn. A família denunciou o caso ao Ministério Público Estadual.