Azambuja comparou rito das denúncias aos casos dos maníacos Roger Abdelmashid e João de Deus
Em agenda no município de Bonito nesta quarta-feira, o governador Reinaldo Azambuja disse que as denúncias de crimes sexuais contra o ex-prefeito Marquinhos Trad não têm nada a ver com política. “É caso de polícia e as investigações vão apontar se são verdadeiras ou não”, disse ele, ao informar que mais mulheres estão procurando a Sejusp para agendar a formalização de novas denúncias e tomada de depoimentos.
“Toda denúncia tem de ser investigada. Isso não é um caso de política, é caso de polícia, que tem de apurar as denúncias feitas por várias mulheres que procuraram os canais da Sejusp. Não vamos fazer julgamento de ninguém. Quem condena, diferente do que já disse o próprio ex-prefeito [Marcos Trad], que dia desses numa reunião em um frigorífico me chamou de corrupto e criminoso, é a Justiça.
Segundo Reinaldo Azambuja, Marcos Trad erra ao acusá-lo desses crimes: “Ele está equivocado. Primeiro, porque eu não tenho nem processo aberto contra qualquer ato que tenha cometido nos meus 26 anos de vida pública. Então, vamos esperar correr as investigações e aí ver se ele é culpado ou inocente das acusações que lhe são imputadas”.
João de Deus
O governador lembrou que nesse tipo de crime, citando como exemplo os casos do médico Roger Abdelmashid e o do médium João de Deus, é comum o surgimento de mais vítimas após as primeiras denúncias. “Quando alguma mulher denuncia, encoraja outras a fazerem o mesmo. O que aconteceu desde as denúncias iniciais contra o ex-prefeito? Muitas mulheres espontaneamente procuraram os canais da polícia para fazer o mesmo”, esclareceu.
Mesmo assim, pontuou, “não vamos fazer julgamentos. Vamos aguardar a justiça, que vai se pronunciar após as investigações, dizendo se ele é culpado ou inocente. Mas também não dá para transformar essas mulheres, que são vítimas de estupro, de assédio, de uma série de crimes, em pessoas sem qualificação. Não são poucas as mulheres prejudicadas e são inúmeras as novas denúncias que todos os dias surgem pelos canais da polícia”.
Supostas ameaças
Com relação à versão de Marcos Trad de que teria sido ameaçado pelo secretário de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, Reinaldo foi enfático ao dizer que isso não existe. “Não dá para politizar esse assunto. Existiu troca de falas [pelo WhastApp] entre o secretário e o ex-prefeito. Trad atacou a polícia e o secretário a defendeu. Não houve mais nada além disso”, explicou.
“O próprio Carlos Alberto [Carlos Alberto de Assis, presidente da AGEMS – Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Mato Grosso do Sul] já fez boletim de ocorrência contra aquela mulher que o acusou de oferecer dinheiro às vítimas para que elas formalizassem as denúncias. Tentam transformar em questão política um caso de polícia”, disse.
Mais denúncias na DEAM
“Vocês têm de conhecer o que tem na denúncia das mulheres e conversar com as que já falaram com a polícia. Não são três ou quatro, mas sim mais de 10 que denunciaram espontaneamente. Tivemos, na data de hoje, mais mulheres que acessaram o canal da DEAM e agendaram depoimento”, informou aos jornalistas.
“O que há é a existência de várias denúncias feitas por mulheres que dizem ser vítimas de assédio sexual, estupro e de uma rede prostituição dentro do Paço Municipal que devem ser apuradas com rigor. Polícia não tem lado. Apura e envia para a Justiça, a quem caberá dizer se a pessoa é culpada ou ou inocente”, finalizou Reinaldo Azambuja.
As denúncias
Marquinhos Trad é investigado pela Delegacia de Defesa e Proteção à Mulher (DEAM) pelos crimes de assédio sexual, estupro, favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual e importunação sexual. Inicialmente, quatro mulheres procuraram a polícia para denunciá-lo. Hoje já são mais de 10 o número de denunciantes.
Trad assumiu publicamente ter mantido relacionamento sexual com duas dessas mulheres, mas garante que foi consensual e não em seu gabinete, como constam das denúncias.
Investigações em 2018
Em 2018, ele respondeu a procedimento por crime sexual contra menor de idade, integrante da guarda-mirim, no Tribunal de Justiça (na época tinha foro privilegiado, por ser prefeito). As investigações foram feitas pela Delegacia de Defesa do Menor e do Adolescente. O procedimento no TJ, foi arquivado, mas não se sabe em quais circunstâncias.