Na corrida pela cadeira de governador de Mato Grosso do Sul, 7 nomes estão na disputa, dentre eles algumas figuras já conhecidas no cenário político do Estado, como é o caso de André Puccinelli (MDB). Médico por formação, iniciou sua trajetória pública como secretário estadual de saúde, posteriormente deputado estadual, deputado federal, prefeito da Capital e também governador do Estado. Sul-mato-grossense de coração, em visita à sede da FOLHA DE CAMPO GRANDE ele relata que ao concluir seu último mandato, em 2014, acreditava que ali estaria encerrando um ciclo. “Eu só vivia para a política, então pensei: agora vou me dedicar à família, vou ser vovôrista”. Contudo, a vida tomou outro curso e ele passou a assessorar vereadores e prefeitos. Durante esse período ele ainda passou por um processo de investigação, onde em 2017 acabou sendo preso de forma preventiva. Já em 2021 o Tribunal Regional Federal suspendeu todos os processos. Ele garante tal situação como parte de sua história, que lhe traz ainda mais força para atuar em prol do povo. Sendo este também o momento no qual ele relata ter crescido o movimento “Volta André”. Impulsionado pelo apelo dos amigos e sabendo da sua capacidade, ele se diz animado em concorrer novamente a um cargo público. Quando questionado sobre as expectativas quanto aos resultados da eleição, é franco ao afirmar não ser prepotente a ponto de dizer que já ganhou. “Uma coisa que eu tenho é confiança. Isso me faz crer que possuímos grandes chances”, afirma. São as pesquisas que, segundo ele, vêm demonstrando a grande possibilidade de se tornar novamente governador. André contou sua percepção quanto à receptividade dos eleitores diante de sua pré-candidatura. “Já visitei algumas cidades no interior e tenho me sentido profundamente lisonjeado e um tanto surpreso com o apoio e carinho”, revelou, ao declarar que o slogan ‘André Resolve’ surgiu dessa experiência.
FOLHA DE CAMPO GRANDE – André, como é estar de volta ao pleito estadual depois de 8 anos fora do cenário?
ANDRÉ PUCCINELLI – Foram me buscar e eu, de pronto, aceitei. Amigos do partido e outros de outros partidos me convenceram, não foi difícil. Sou muito ativo, não gosto de ficar parado, aceitei o convite com disposição e prometo enfrentar a batalha de peito aberto, fazendo jus ao movimento “André Resolve”. Tem muita gente de vários partidos que estão comigo, a conjuntura local se sobrepõe, o Solidariedade está comigo, o presidente Nacional Paulinho da Força liberou o Papy aqui no Estado. Contudo, em nível Nacional eles estão com o Lula.
FCG – O que o senhor gostaria de realizar enquanto governador e não conseguiu?
AP – Em todas as áreas tivemos bons índices. Construímos 74 mil casas, fomos o governo que mais ergueu moradias em Mato Grosso do Sul, mas quero fazer mais. Sempre atuamos na área social… 60 mil no vale renda, 33 mil no sacolão indígena, vale universidade. O que nos cobrar agora é que a pandemia quebrou meio mundo, as pessoas querem empregos. No meu governo criamos o Credigente, para financiar pequenos empreendimentos para sair da informalidade. Dávamos R$ 2 mil e muitas pessoas conseguiram se fixar e virar micro e pequenos empresários. Outro grande gerador de empregos é o setor turístico. Temos muitas belezas a serem exploradas neste segmento. Além de Bonito e Corumbá, temos Miranda, Costa Rica e Ponta Porã, se forem aprovados os cassinos no país, vai ser ainda mais conhecida. Temos muito que incrementar nesta área e o Aquário do Pantanal estará certamente neste pacote de atrativos.
FCG – O mês de julho chegou e marca o início das convenções. O MDB pode trazer ao seu lado em MS os partidos que eventualmente formarão chapa com Simone Tebet à presidência?
AP – Tínhamos uma pendência no Rio Grande do Sul e o MDB fará convenção para ver se lança candidato próprio ou se decide apoiar o Eduardo Leite (PSDB) ao governo. Estive em Brasília com a direção Nacional do MDB. O partido tem candidato a presidente [Simone Tebet], mas respeita quem tem opiniões diferentes nos Estados.
FCG – Já podemos falar em vice ou só no dia 5 de agosto?
AP – Quero uma figura feminina, que chame a atenção, consiga falar bem, tenha relevantes trabalhos, precisa, acima de tudo, ter empatia. Sem esses atributos não seria possível. Mas se não conseguir encontrar essa mulher, podemos escolher um homem. Vários nomes eu tenho guardado com carinho. Faltam cerca de 20 dias para a convenção, temos certa pressa, mas a escolha será feita com todo cuidado.
FCG – Qual a leitura que o senhor faz do atual quadro político e a tendência de 2º turno?
AP – A primeira vez que teremos 7 nomes ao governo. Assim é uma gama boa, democracia é assim, tem candidato para todos os gostos. Acredito no segundo turno nestas eleições, provavelmente eu e outro nome. Digo provavelmente porque tudo pode acontecer em política. Essa eleição está muito disputada e hoje não saberia dizer quem seria meu adversário, pois a campanha de fato não começou. Tem muita água para rolar ainda, creio no meu potencial, mas temos que aguardar com humildade as demandas que virão.
AP – Não fizeram casas e deixaram invadir terrenos. Nós íamos de imediato. Eu coloquei pessoal de moto em todas as regiões da cidade… Centro, Segredo, Prosa, Bandeira, Anhanduizinho, Lagoa e Imbirussu. De segunda a sexta cada fiscal tinha que passar em todas, reafirmo, todas as ruas de sua Região e fazer um relatório. Na época eles gravavam as mensagens, não tínhamos ainda os smartphones. Mas, veja bem, não faziam relatórios apenas de áreas invadidas, faziam geral… Qualidade das ruas, se haviam lixões, se haviam postes de iluminação e diversos outros temas. Ficávamos sabendo de invasões um dia depois. Os relatórios iam para a EMHA. Criei uma disciplina rigorosa no terceiro ano do primeiro mandato: Quem invadir não vai entrar na programação de ganhar casas. No começo fazíamos casinhas de 28 metros quadrados, ampliamos o embrião para 54 e depois padronizamos para 42 metros quadrados. Dávamos escritura da casa e conseguimos acabar com as favelas.
FCG – Campo Grande, na sua gestão, foi a 3ª cidade que mais crescia no Brasil e hoje está travada e negativada. Por que isso aconteceu?
AP – Tinha muita geração de emprego. Todo mundo vinha do interior tentar a vida aqui, nem sempre qualificado, mas a Sast dava cursos e colocava essas pessoas no mercado de trabalho. Isentamos muitas pequenas indústrias de impostos municipais, assim elas conseguiam gerar mais empregos, como fizemos com a confecção. Apenas uma fábrica na Capital tinha 80 costureiras, hoje fechou. Passaram a cobrar impostos dela e ela ficou incapacitada de continuar competitiva. A prefeitura comprou uma fábrica desativada de tijolos, mulheres iam lá trabalhar um dia que fosse e ganhavam a planta da casinha de 28 metros e os tijolos para erguer a obra. Tudo isso incentivava. Mas é preciso trabalho duro, atenção e empatia com quem mais precisa do poder público, isso está faltado em Campo Grande nos últimos anos.
FCG – Quais suas prioridades dentro de um possível governo?
AP – Temos quatro pesquisas qualitativas que apontam que o governo deve ir às cidades e atender as demandas locais. Que resolva. Não existe salvador da pátria, mas a população exige alguém que tente. O município de Japorã tem necessidades diferentes de Três Lagoas, então é preciso que o governo vá à cidade e resolva, daí o slogan “André Resolve”. Antes falávamos com os prefeitos e, em geral, eles queriam asfalto e drenagem. Em 2013 separei R$ 80 milhões e nenhum município recebeu menos de R$ 500 mil. Fazíamos convênio e o município fazia obra e me prestava contas. Já visitei 52 municípios nesta pré-campanha, tenho debatido com a comunidade civil, indo até o povo ouvir o que eles desejam. Farei assim se chegar a vencer a eleição. O jeito municipalista de administrar começou comigo e o Reinaldo Azambuja está dando uma ótima continuidade. Se eu voltar vou aprimorar ainda mais esse jeito de governar.