Marquinhos Trad congelou IPTU mas não criou alternativas para compensar a perda de receita
Teve início nesta semana mais uma queda de braço entre a prefeitura e a Santa Casa, maior hospital do Estado. Na pauta, o reajuste no contrato que estabelece os valores que o município paga todos os meses pela compra dos serviços de Saúde disponibilizados à população. Sem dinheiro em caixa, a prefeita Adriane Lopes terá de encontrar saída para superar mais esse desafio.
É mais uma herança maldita que compõe o “legado” do ex-prefeito Marquinhos Trad à população de Campo Grande. Ao optar pela iniciativa populista de não reajustar o IPTU para este ano, foi duplamente irresponsável, pois também não apontou alternativas para compensar a perda de receita. Agora, a conta chegou.
O hospital recebe hoje, pelos serviços que presta à prefeitura, R$ 24 milhões em recursos dos governos federal, estadual e municipal.
Em paralelo, a direção da Santa Casa alega possuir déficit mensal de R$ 12 milhões, ou seja, o equivalente a metade do que ela recebe todos os meses da prefeitura. Só de tributos federais e municipais em atraso, o hospital desembolsa perto de R$ 6 milhões por mês.
Para piorar, os enfermeiros estão pressionando os gestores do hospital em busca de reajuste salarial de 10,16%, que diz respeito apenas à reposição inflacionária. E já falam em entrar em greve.
IPTU zero
No dia 4 de novembro do ano passado o então prefeito Marquinhos Trad anunciou reajuste de 10,05% no valor do IPTU para o exercício de 2022. Após ser duramente criticado pela população, cinco dias depois ele voltou atrás e no dia 9 de novembro convocou coletiva de imprensa para anunciar que o reajuste seria zero.
Apesar de amparado por lei para aplicar o reajuste, o ex-prefeito não o fez. Preferiu fazer média com a população ao abrir mão de um tributo fundamental para o município e não buscou alternativas, outras fontes de receita para tapar esse rombo.
Paralelamente, manteve uma folha salarial inchada, não reduziu despesas e estourou todos os índices econômicos e financeiros estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Hoje, essa atitude irresponsável traz os seus reflexos. E estes estão sendo suportados pela prefeita Adriane Lopes, que todos os dias tem de ter muita criatividade para administrar um município cujas contas estão em completo desequilíbrio.
Mais problemas
No final de junho, a prefeita teve que buscar ajuda do governo do Estado para evitar que o transporte público entrasse em colapso em Campo Grande.
Até dezembro, está garantido repasse do governo para bancar a gratuidade dos alunos da rede pública estadual matriculados em escolas municipais da Capital.
Na semana passada, os Guardas Civis Metropolitanos anunciaram greve. Reivindicam reajuste salarial e a paralisação só não ocorreu ainda por força de liminar da Justiça. Mas o problema continua.
Ontem, foi a vez de a Santa Casa dar o ar da graça, já que o contrato com a prefeitura venceu e o hospital quer reajuste nos valores. É justo, pois a inflação vem corroendo o valor de nossa moeda, ao mesmo tempo em que tudo sobe de preço.
Socorro imprescindível
Como no caso do transporte público, mais uma vez o governo do Estado terá de intervir e auxiliar a prefeita de Campo Grande a solucionar esse novo problema que é o reajuste do contrato com a Santa Casa.
Do contrário, o caos vai se instalar na Saúde na Capital, pois a prefeitura está quebrada e não tem dinheiro para assumir novos compromissos financeiros.
Enquanto isso, Marquinhos Trad mantém seu périplo pelo Estado, vendendo a mentira de que além de “ungido por Deus” é um excelente e “já testado” gestor e que Campo Grande está uma maravilha.