As 70 famílias que ocupavam uma área pública no Jardim Los Angeles, foram retiradas do local nesta segunda-feira (13). Na manhã de hoje, fiscais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur) e da Agência de Habitação foram ao local acompanhar a destruição dos barracos.
De acordo com a Guarda Civil Metropolitana, durante a abordagem das famílias, os fiscais esclareceram que o local se trata de uma área pública e de preservação, sendo que não é permitida a construção de casas ou barracos.
Além disso, as famílias já haviam sido informadas que caso insistissem em montar quaisquer estruturas, poderiam perder todo o material. Dessa forma, tudo o que já havia sido montado foi desfeito. Os barracos foram destruídos com o que havia dentro.
“A gente não tem onde morar. O que vamos fazer agora?” disse um dos moradores ao contar que a esposa está grávida e que eles não têm para onde ir. “Com a retroescavadeira, destruíram comida, roupas, a gente nem tem onde ficar hoje”, informou.
“Nossa casa está no chão. Era a única moradia que eu tinha, destruída”, disse uma moradora. “E agora, o que a gente vai fazer se a única comida que a gente tinha destruíram? A única cama que a gente tinha, destruíram! A única coberta que a gente tinha, destruíram!”, lamentou a moradora.
“Quem tem casa e tem como pagar, estamos dispensando”, comenta o autônomo Alisson Reis de Souza, de 19 anos, um dos organizadores da invasão. No início do ano, conforme o jovem, outras famílias começaram a invadir o terreno, mas foram expulsos no mesmo dia pela Semadur.
Da outra vez que o terreno foi desocupado, ela conta que os funcionários da prefeitura, levaram machados, enxada, facões e foices, usados na limpeza do terreno. Bem como outros poucos móveis adquiridos pelos moradores com muito custo.
Mai uma vez a prefeitura mostra seu lado mais perverso. Só sabe desocupar, mas encaixar esse moradores em algum programa social, não. Não é tão difícil de entender que quem monta barraco, não tem outra escolha senão a sarjeta. Contudo a administração municipal usa a lei de forma ríspida para jogar fora os menos favorecidos. Sem se preocupar com crianças, velhos e doentes.
Entre 2010 e 2019, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o número de favelas em Campo Grande saltou de apenas três para 38. Atualmente, são cerca de 23 entre áreas em estudo e em processo de regularização. Em 2019, mapeamento específico sobre os Aglomerados Subnormais, foram identificados pelo IBGE 38 localidades com 4.516 domicílios em condições precárias e com cerca de 8.050 pessoas.
O avanço dessas áreas mostra o aumento das dificuldades financeiras e de políticas públicas que não dão conta das demandas dos considerados sem-teto. Isso, depois de Campo Grande ter, em 2012, sido considerada a primeira capital sem favelas no Brasil.