Presidentes de PSDB, MDB e Cidadania endossaram o nome de Simone após pesquisa interna indica rejeição menor da senadora
O ex-governador João Doria desistiu de concorrer à Presidência da República pelo PSDB. “Me retiro da disputa com o coração ferido e a alma leve”, afirmou.
Em pronunciamento no fim da manhã desta segunda-feira, 23, ao lado do presidente do partido, Bruno Araújo, o tucano disse que entende que não é a escolha da cúpula da legenda.
“Hoje neste 23 de maio, serenamente, entendo que não sou a escolha da cúpula do PSDB”, afirmou. “Sempre busquei e seguirei buscando o consenso, mesmo que ele seja contrário à minha vontade.”
Na última quarta-feira, os presidentes de PSDB, MDB e Cidadania rifaram Doria e endossaram o nome de Simone Tebet (MDB) após uma pesquisa interna indicar que a rejeição menor à senadora dava mais condições a ela, que ao ex-governador de São Paulo, de tentar quebrar a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Doria contesta a decisão e já mostrou disposição para recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma vez que sua pré-candidatura foi oficializada em prévias no PSDB em novembro do ano passado, quando derrotou o então governador gaúcho, Eduardo Leite.
Em carta enviada ao presidente do PSDB, Bruno Araújo, o ex-governador acusou o comando do partido de querer promover um “golpe” para retirar seu nome “no tapetão”.
Doria conversou neste domingo, 22, com o governador Rodrigo Garcia (PSDB), que em entrevista ao Estadão sinalizou apoiar a proposta de unir a terceira via em torno de Tebet.
Não há consenso no PSDB, no entanto, em torno da ideia de apoiar a senadora.
O grupo do deputado Aécio Neves (MG) defende que o partido escolha outro tucano para disputar a Presidência: Eduardo Leite ou Tasso Jereissati.
Histórico
A pressão para desistência de Doria não é recente e vem como consequência de um processo de fragmentação do partido desde antes das prévias, em novembro de 2021.
Cresceu, porém, no início do ano eleitoral. Em um encontro em Brasília, a ala tucana contrária à pré-candidatura própria do PSDB ao Planalto se reuniu para discutir a estagnação do paulista nas pesquisas e a sua dificuldade de se mostrar como um candidato competitivo e capaz de romper a polarização entre Lula-Bolsonaro.
Doria classificou o encontro como um “jantar de derrotados”.
Em março, Eduardo Leite voltou a pressionar o partido para ganhar espaço na disputa. O drama interno culminou em um anúncio de que Doria desistiria de concorrer à Presidência e permaneceria no cargo de governador.
Ao final do dia 31 de março, ele voltou atrás da “decisão” e afirmou a jornalistas que as notícias sobre sua eventual desistência foram “estratégia política” para o partido apoiá-lo publicamente.
Em abril, após queixas de Doria de que a direção nacional do PSDB não tinha colocado sua campanha na rua, o ex-governador substituiu o presidente do partido, Bruno Araújo, pelo aliado Marco Vinholi, dirigente do partido em São Paulo, na coordenação.
MDB e PSDB fizeram ainda uma última tentativa de unificar o grupo um mês depois e definiram pesquisas quantitativa e qualitativa para testar os nomes dos respectivos pré-candidatos: Simone Tebet e João Doria.