Todos sabem que a conquista de um mandato político obtido por meio do voto é uma verdadeira guerra e que só pode entrar nessa batalha quem tiver perfil próprio para tal, ou, em outras palavras, quem tem jogo de cintura. Além disso, como nos disse certa vez um destacado político deste Estado (MS), ele não pode ser ingênuo. Do contrário, entrar nessa briga só leva chumbo e do grosso.
Já tivemos a oportunidade de afirmar que a lógica na política é a falta de lógica. É certamente a partir desta ideia que podemos compreender a afirmação de que o político faz acordo com Deus e com o Diabo, em nome, sobretudo, da governabilidade. Política como arte de negociação da boa governabilidade. É a arte que só o político entende e, se não entender, as consequências são por todos conhecidas!
Uma coisa é fazer acordos políticos para governar bem. Outra, e bem diferente, é fazer promessas, muitas vezes até milagrosas, para conquistar o voto do eleitor e depois não cumprir nem mesmos as viáveis. E o eleitor, como diziam nossos ancestrais portugueses, “fica a ver navios”. Não se pode negar que o eleitor também tem culpa nesse contexto. Mesmo porque quando “a promessa é grande, o santo desconfia” ou deveria desconfiar. A propósito, as eleições estão chegando!
Uma coisa é o candidato trazer a público seu plano de governo e de onde sairão as receitas para executá-lo, o que é seu dever, como futuro gestor da coisa pública. Outra coisa diametralmente oposta é fazer promessas inviáveis, para conquistar o voto do eleitor e depois… Apenas como exemplo, congelar impostos. Ora, congelar tributos, especialmente o IPTU, sob o argumento de que era exagerado, como ocorreu no último pleito para a conquista do executivo da cidade de Campo Grande, é promessa duplamente falaciosa. Se o tributo é exagerado, mantê-lo como está é impor mais sofrimento ao contribuinte. O certo seria rever sua base de cálculo ou seus índices e não congelá-lo. Mas a opção foi pela palavra de impacto.
Utilizar-se do microfone, com boa locução e com palavras bonitas, para fazer promessas que sabe que não vão ser cumpridas, não deixa de ser uma forma de “estelionato eleitoral” ou de desrespeito ao consumidor, que é, não só o eleitor, como a sociedade em geral.
Não há dúvida de que a democracia é o melhor caminho. Entretanto, o mandatário que recebe essa incumbência deve estar consciente de que deve cumprir as promessas de campanha, sobretudo aquelas que atendem aos anseios da sociedade e que ensejaram a sua escolha pelo eleitor.
Com efeito, apenas como exemplo, as notícias que se têm veiculado pela imprensa de que em alguns Municípios, como é o caso de Campo Grande, as aulas iniciaram 2022 sem que os alunos das escolas do município tivessem recebidos uniformes, kits de materiais escolares e com falta de carteiras são indicativos, entre outros, de que as promessas de campanha não foram cumpridas.
A democracia é uma via de duas mãos. O eleitor, assim como elege alguém para ser o seu representante na gestão da coisa pública, pode e deve também cobrar o cumprimento das suas promessas e até, por meio das vias competentes, não o elegendo novamente.
Campo Grande nos anos 2000 era a quarta cidade do Brasil que mais crescia, atraia investimentos, isso se seguiu até 2012. Mas depois começou entrar em retrocesso, colapso administrativo e moral. E começamos 2022 em plena decadência em todas as áreas. Servidores descontentes, favelas nos quatro cantos da cidade, as contas da prefeitura no vermelho, dizem que até com dificuldade iminente de não conseguir pagar o salário do funcionalismo.
Realmente foi um choque de gestão que mais parece um descarga elétrica. É sabido que para o governo ir bem é preciso de uma boa equipe, o que notadamente Campo Grande não teve nos últimos anos. Nenhum secretário se destacou positivamente.
Agora em outubro o que está em jogo é eleger alguém que irá pilotar uma máquina que nos últimos dois anos foi a que mais cresceu no País. Com a terceira menor faixa de desemprego, batendo recordes na geração de empregos e com dinheiro em caixa para promover obras em todos, isso mesmo, todos os 79 municípios de Mato Grosso do Sul.
Nossa responsabilidade ficou maior, por isso analisar minunciosamente os candidatos ao governo é um dever cívico. Saber de onde veio, o que fez e o que pretende fazer. Não podemos deixar o que vem acontecendo na Capital para que esse ‘modelo de gestão’ não se alastre para o Parque dos Poderes, o qual já está comprovado que não deu certo, basta ver o caos que se instalou em todos os setores do município.
Não queremos aqui ser pessimistas, pelo contrário, gostaríamos que Campo Grande voltasse a crescer, mas infelizmente até a presente data não se vê nenhuma perspectiva de melhora.
Tenho Dito!