Parlamentar afirmou que disparos eram de “advertência no comunismo”
Em sessão ordinária realizada nesta terça-feira (17), o deputado estadual João Henrique Catan (PL), descarregou um revólver em um estande de tiros ao defender um projeto de sua autoria que estava em pauta. Segundo o parlamentar os tiros foram “de advertência ao comunismo”, uma vez que no alvo acertado estava desenhado o símbolo comunista, representado pela foice e martelo.
De proposição conjunta entre Catan e Coronel David, ambos do PL, o projeto foi aprovado por 16 votos a favor e apenas três contrários, seguindo agora para a redação final por ter sofrido modificações em emendas durante sua tramitação.
Contudo, o que mais chamou a atenção foi o voto de Catan, que participou de forma remota da sessão – modalidade permitida desde o início da pandemia de covid-19. Ele estava em um estande de tiro, em localidade não determinada durante o trabalho.
“A aprovação desse projeto visa ajudar a armar o cidadão de bem. Acaba com invasões ilegais, diminui a criminalidade, prevalecendo nosso direito de propriedade. O povo armado jamais será escravizado”, destacou em seu voto o deputado do PL, em discurso que por si só já causou estranheza, pois fugiu claramente da finalidade oficial do projeto.
Em seguida, ocorreu a situação mais polêmica. “Esse projeto é um tiro de advertência no comunismo e na mão leve que assaltou o país. Por isso, uma salva de sim”, discursou Catan, atirando várias vezes com uma pistola contra um alvo no estande, havendo ali desenhado uma foice e um martelo, símbolos clássicos do comunismo.
Na sequencia dos disparos, o presidente da Assembleia, deputado Paulo Corrêa, repudiou a conduta do parlamentar. “Não pode fazer isso, houve um exagero”, disse.
Revoltado, o deputado Paulo Duarte (PSB), classificou a atitude do colega de parlamento como uma incitação à violência. “Esse parlamento é democrático, a gente vota sim e vota não, isso tem que ser respeitado”, disse Duarte. “O que vimos aqui é incitar a violência e isso desnecessariamente. Qual é a lógica de fazer isso? Meu repúdio a esse tipo de voto e ninguém vai me intimidar aqui”, acrescentou.
Já Kemp chamou o ato de ridículo e classificou tudo aquilo como desrespeito ao parlamento. “Isso aqui não é um teatro. Da próxima vez, se quiser se aparecer, pendure uma melancia no pescoço. Temos assuntos mais importantes do que debater armas, assuntos como fome, miséria, desemprego, violência contra a mulher, a LGBTfobia”, frisa.
Logo após ter feito os disparos, Catan saiu da sessão e não apareceu mais. Ele sofreu apenas uma repreensão do presidente da Assembleia Legislativa, Paulo Corrêa (PSDB). “Não pode”, disse Corrêa na sequência, dizendo que o colega se excedeu no voto, e nada mais.