Esse é um daqueles raros casos em que a sabedoria popular chega à mesma conclusão que a ciência: entre todas as profissões, a dos políticos é a que tem os mentirosos mais eficazes. E, ao contrário dos atores, que também vivem de dissimular, eles não merecem aplausos por isso.
Não digo que todos os que exercem carreiras públicas são mentirosos. Apenas reproduzo aqui o que os psicólogos sociais constataram — que os políticos mentem mais vezes, com mais intensidade e melhor do que outros mortais. E o fazem com mais facilidade porque seus eleitores adoram ser enganados para continuar sonhando que tudo será diferente com seus escolhidos no poder. Não ia me referir a nenhum exemplo atual, mas o ex-prefeito Marquinhos Trad não me deixa.
A mentira, para colar, precisa ter elementos de verdade e de emoção para romper a barreira do inacreditável. Uma mentira assim pode até se tornar mais crível do que a própria verdade. Essa, quando nua e crua, incomoda. Marquinhos é muito perspicaz em criar ilusões que se vendem melhor, pelo menos para certo público, do que a mais pura verdade.
Ao longo dos séculos, diversos filósofos analisaram a mentira e seus meandros. O holandês Hugo Grotius (1583-1645) considerava a mentira uma agressão aos direitos dos outros. Mas ele tolerava as inverdades ditas em nome de um bem maior. O problema de Marquinhos Trad que se vê como um Messias sempre acha que suas mentiras são por um bem maior, mesmo que, de imediato, sirvam apenas para livrá-lo da sua imagem de gestor incompetente feitas em benefício pessoal.
Mentiroso porque toda ação que leva a efeito para prejudicar a população cria uma mentira, um Fake News, para justificar o injustificável. Isso ele fez bem iludindo os servidores municipais mesmo depois de ter assinado acordo. Fez na campanha inúmeras promessas que não saíram do papel. Mas a intenção era essa, ludibriar os eleitores.
O homem que se diz de mãos limpas, ladeado de gente honesta, segue na mesma pegada, discorre sobre todos os assuntos, faz novas promessas, mas não toca no assunto sobre o estado o qual ele deixou a prefeitura de Campo Grande.
E ontem, no Dia de Tiradentes, veio à tona que Marquinhos utiliza em suas andanças pelo Estado, um avião de empresário condenado entre outras coisas por estupro de menores. “Diga-me com quem andas e eu te direi quem tu és”. É muito cômodo criticar e tentar desqualificar os outros por onde passa, e agora com um fato no mínimo estranho, ao invés de dar uma resposta plausível a população, o defensor da verdade e da lisura se calou! É o velho ditado, quem cala….
Isso tudo para dizer que, quando Marquinhos mente, de nada vale o fato de que uma parcela do seu eleitorado insiste em se deixar iludir. A mentira foi dada, e é uma agressão e um desrespeito a todos os sul-mato-grossenses.
Tenho dito!