De uns anos para cá, o campo-grandense incorporou ao seu vocabulário duas palavras que soam como música, quando pontuadas em quase qualquer frase: “propósito” e “gratidão”. O primeiro termo significa, em essência, a vontade, a intenção, a vocação em alcançar ou realizar algo. O segundo, “gratidão”, que vem do latim gratia (graças), expressa a virtude em reconhecer o gesto alheio por uma ação ou um benefício recebido.
Gratidão vai além da mera gentileza, embora, em muitos casos, tenha virado um sinônimo amplificado de “muito obrigado”. Só que a gratidão que transforma, eleva o espírito e deixa a vida leve e colorida, costuma ter memória curta – o que deveria ser via de mão dupla acaba tomando o caminho só de ida.
O ex-prefeito Marquinhos Trad, ingrato assumido seguirá sendo ingrato assumido para todo o sempre e vibrará na escassez porque não conhece outra realidade. Nos último 5 anos, sempre que precisou, e precisava sempre, procurava o governo do Estado para pedir ajuda para concluir algumas obras. Agradecia, gravava vídeos enaltecendo a parceria e generosidade do governador Renaldo Azambuja.
Foi só o desejo de ser governador tomar conta do seu ser, que ele mudou o discurso. Como pré-candidato enviado por Deus, demoniza todos os adversários e diz que vai acabar com a corrupção no governo, caso chegue lá.
Meu ponto aqui gira em torno dessa categoria de mal-agradecidos, que cresce como mato, especialmente no mundo político: a dos “ingratos com propósito” – pessoas que se projetam como modernas e inclusivas, iluminadas por uma aura de acolhimento e transparência, mas que, no apagar dos holofotes, selfies e likes transbordam egoísmo, inveja, tirania, cobiça, vaidade, rancor e desprezo.
Marquinhos Trad não faz o básico – praticar aquilo que posta –, ainda que se pretenda intensamente contemporâneo; na verdade, está preso ao passado, reproduzindo estereótipos ancestrais.
É ao mesmo tempo trágico e cômico, uma vez que essa falange que o acompanha crê que estamos todos no hospício e tão-somente ele está do lado de fora, com a chave.
Não passará.
Os dias dos “ingratos com propósito” estão contados e essa é a boa notícia. A velocidade do mundo faz com que suas “novas reputações”, adulteradas e egoístas, cheguem antes do que suas imagens pré-fabricadas em redes sociais e sustentadas por inúmeros bajuladores e meia dúzia de círculos.
Orgulhoso e ingênuo, o “ingrato com propósito” tem certeza de que o poder dura para sempre.
Só se esquece que, toda vez que não estender a mão a quem lhe ajudou, entrarão em cena a solidão e a infelicidade e o fracasso para lhe refrescar a memória.
Tenho Dito!