Existe uma grande diferença entre ler uma notícia e filtrar uma notícia. Não se trata apenas do escândalo da compra das Forças Armadas que partiram para a aquisição de mais de 35 mil unidades de Viagra, nem mesmo do destaque que o produto ganhou nas manchetes.
Se trata do quanto somos capazes de tolerar gastos estatais tão absurdos diariamente por pura e simples conveniência política. E do quanto de gastos federais precisamos ficar a par para entender que o Estado é em si, insustentável e parasitário, independente de quem esteja lá.
É compreensível e até louvável o fato de tantas pessoas não se conformarem com os valores apresentados Portal da Transparência e do Painel de Preços do governo federal acerca dos gastos da União. E obviamente que todos esses gastos não dizem respeito somente ao consumo do presidente. Pensar isso contraria qualquer lógica. Os gastos abastecem várias autarquias, departamentos, ministérios e instituições que integram a Governo.
E há de se concordar que comprar Viagra para outro uso que não for para disfunção erétil ao cidadão comum é no mínimo estranho. Mesmo diante de tais valores, sabemos que gastos como esse são apenas a ponta do iceberg de um Estado brasileiro inchado, com histórico de muito gasto e poucos resultados.
Com serviços públicos essenciais ineficientes e sem qualidade, ainda mais em tempos de pandemia, espanta a qualquer um, gastos federais tão altos. Dados assim fazem-nos questionar quais são de fato as prioridades de um governo que se elegeu com um discurso de estado mínimo, enxugamento da máquina pública e combate a privilégios.
Um questionamento pertinente que até os liberalistas mais clássicos fariam neste contexto.
Para quem não sabe, “Estado Mínimo” nada mais é do que o entendimento que o papel do estado na sociedade deve ser o mínimo possível para que consiga entregar serviços públicos de qualidade para a sociedade, com maior eficiência e transparência, deixando apenas nas mãos de iniciativas privadas funções consideradas não essenciais. E isso também inclui um corte amplo de gastos estatais, sendo muitos deles, desnecessários.
Diante dos gastos expostos de 2021, não é nada difícil mensurar os gastos absurdos que o Estado faz com dinheiro público todos os dias, enquanto serviços essenciais continuam em absoluto descaso. Também é inocência argumentar que tais gastos são indiretamente em prol da população, quando sabemos que cada órgão e departamento compra diretamente suas coisas, prestando estes, contas à união.
A lista de prioridades do governo Bolsonaro continua surpreendendo a população brasileira que padece com o desmonte das políticas públicas na área da saúde, com o desemprego, uma inflação desenfreada enquanto isso milhões de brasileiros estão passando fome.
Mais uma vez, questiona-se! Quais são as prioridades do governo?
Tenho dito!!!