Em apenas 39 dias do ano de 2022, nove mulheres foram torturadas, estupradas ou esfaqueadas, sendo brutalmente assassinadas. O intervalo entre um feminicídio e outro foi em média quadro dias. Ou seja, a cada quatro dias uma mulher está sendo assassinada em Mato Grosso do Sul.
O debate chegou a Assembleia Legislativa, “esse é um dado extremamente preocupante, uma situação muito grave, que deve nos preocupar e nos mobilizar. O número é 80% superior ao registrado no mesmo período em 2021”, explicou o deputado Pedro Kemp (PT) relembrando que a realidade no país não é diferente.
O último crime do tipo foi registrado na tarde desta terça-feira, 8 de Fevereiro, na cidade de Costa Rica. Luana Alves Furtado, de 29 anos, foi morta a facadas. O principal suspeito é o namorado que está foragido. A polícia acredita que ela tenha sido golpeada ao menos 13 vezes. O homem ainda enviou um áudio a familiares e amigos confessando o crime. Luana era mãe de três filhos.
Outro caso chocante aconteceu em Campo Grande. A jovem Natalin Nara Garcia, de 22 anos, foi assassinada pelo marido, o sargento da Aeronáutica, Tamerson Ribeiro, de 31, que está preso. Segundo polícia, ele teria espancado a mulher até a morte. O corpo dela foi encontrado às margens da rodovia BR-060 no domingo, 6, com várias marcas de violência.
Vitoria Caroline de Oliveira Honorato de 15 nos, é outra jovem vítima de feminicídio . Ele foi morta por estrangulamento na cidade de Ivinhema (MS). Três homens estão presos pelo crime. A motivação teria sido ciúmes de um deles.
Entre as brutalidades praticadas contra as vítimas estão torturas e cárcere privado. Foi exatamente assim que Francielle Guimarães Alcântara, de 36 anos, passou seus últimos dias em uma casa no Bairro Caiobá, em Campo Grande (MS). O marido Adailton Freixeira da Silva, de 46 anos, está preso pelo crime, cuja motivação também seria ciúmes. O caso ainda segue em investigação.
O feminicídio é o homicídio contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (Lei Federal 13.104/2015). “O que chama atenção são os requintes de crueldade, situações que devem ser estudadas para saber o que leva um companheiro a assassinar sua mulher. É uma verdadeira epidemia, pois se olharmos os registros na Casa da Mulher Brasileira, vamos ver números alarmantes. Precisamos de políticas públicas eficazes, para enfrentar de formas preventivas e punitivas”, considerou Kemp.
Na cidade de Bandeirantes uma mulher de 39 anos foi morta a facadas e o corpo foi jogado dentro e uma fossa. Rose Paredes foi morta por um amigo de 53. Antes de esfaqueá-la no rosto, ele teria praticado violência sexual com a vítima. O homem está preso.
Na madrugada do dia 16 de janeiro, Paulina Rodrigues, de 103 anos, foi assassinada em Tacuru pelo ex-genro, Cícero Souza, de 91 anos. Paulina foi encontrada na cama com vários ferimentos pelo corpo. O ex-genro foi preso em flagrante.
Já Mariana de Lima Costa, de 29 anos, assassinada pelo marido de 49 anos, em Anastácio, no dia 15 de Janeiro, sendo este o primeiro feminicídio do ano em MS. A Polícia Civil apurou que o autor a matou com golpes do cabo de machado.
Com esses números o deputado Professor Rinaldo (PSDB) comentou que “nos entristece e nos envergonha como homens, pois aquele que prometeu amar e respeitar não o faz. E MS que tem tantas belezas, ao mesmo tempo está sempre entre os primeiros nos números da violência doméstica”, diz Rinaldo.
Para o deputado Barbosinha (DEM) não basta punir. “Esse é tema que angustia e ao longo dos anos o aumento da pena por si só não tem conseguido desestimular os crimes. Sem focar no trabalho no ambiente escolar, com a questão do homicídio, para que se entenda que matar não é normal, a questão não vai mudar”, argumentou Barbosinha.