Mais preocupados com a saúde financeira do Consórcio Guaicurus do que com os usuários do transporte coletivo, 22 dos vereadores aprovaram ontem, em regime de urgência, a proposta de isentar o Consórcio da cobrança de ISSQN, do aporte de R$ 12 milhões por ano, além de perdoar a dívida de R$ 2,1 milhões, relativa a imposto não pago no ano passado.
Com isso a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte ‘subiu no telhado’. É a terceira vez nos últimos três anos que a minoria na Câmara de Vereadores vê escapar pelas mãos a chance de investigar a fundo o não cumprimento de pontos do contrato pela empresa concessionária, e ainda descobrir porque o Executivo Municipal, através do Prefeito Marquinhos Trad e as agências municipal que deveriam fiscalizar o serviço, pouco ou nada fazem.
O presidente da Câmara, Carlos Augusto Borges, o Carlão, contudo ainda não descartou totalmente a CPI, disse que vai esperar 3 meses para ver se o transporte coletivo de Campo Grande melhore. “O Consórcio tem uma dificuldade e demos incentivo para ajudar a atividade. Vamos aguardar este prazo, caso a melhora não ocorra, voltamos a colocar a CPI na Pauta.
Coincidência ou não o prazo para conferir se o Consórcio ‘melhorou’ se dará no mês de maio, portanto, se o prefeito cumprir a promessa de renunciar ao cargo em 2 de abril para concorrer a Governador na eleição de outubro, a batata quente vai ficar nas mãos da hoje vice Adriane Lopes, que terá a missão, de primeiro escolher, se o mais importante é ajudar o Consórcio, ou ouvir os apelos dos usuários.
Combativo, o vereador Marcos Tabosa foi o único critico da sessão de ontem. “A prefeitura é uma mãe, mas é um mãe só para grandes empresários da Capital. A prefeitura não tem dinheiro para dar reajuste aos servidores, mas vai dar R$ 1,4 milhão por mês ao Consórcio Guaicurus”, disse, em sua declaração de voto.
Em reunião realizada na Casa de Leis nesta segunda-feira (7), alguns vereadores chegaram a pedir que a votação da isenção só ocorresse após a CPI do Consórcio. No entanto, a CPI está empacada na Câmara, sem data para início dos trabalhos.