As denúncias de corrupção, a precariedade no transporte coletivo e as queixas dos usuários são ignoradas pelo prefeito e pela maioria dos vereadores de Campo Grande. A CPI para investigar o Consórcio Guaicurus terminou em 2020 com um laudo pericial que, de início, pedia R$ 1 bilhão de ressarcimento. Valor que o Consórcio deveria para a prefeitura por não cumprir vários pontos do contrato. A ação tramita na Justiça da Capital.
Ano passado o vereador Marcos Tabosa (PDT) tentou novamente instalar uma Comissão, mas foi derrotado pela base do prefeito. Agora o pedido do vereador André Luis (Rede) vai ter que esperar o fim da pandemia de Covid-19, quando os trabalhos na Câmara voltam a ser presenciais. Ou seja, não é prioridade na Casa de Leis.
E para fechar o circo de horrores, o prefeito, que tem o dever de fazer honrar o contrato com o Consórcio, disse na sexta (4) que por ele a CPI já estaria aberta há anos. “Não é problema meu, é problema da Câmara Municipal”. Novamente transferindo a reponsabilidade, praxe deste Alcaide.
Enquanto os vereadores ignoram o problema, no dia-a-dia o usuário pena para andar de ônibus em Campo Grande. Assim, a Câmara mantém a tradição de não incomodar as empresas. Aliás, o grupo de vereadores a favor do transporte coletivo é praticamente o mesmo que aprovou regras para encarecer o transporte por aplicativo a partir de janeiro na Capital.
O péssimo serviço do transporte coletivo de Campo Grande é crônico e se arrasta por vários anos, sem perspectivas de melhorias. Com a pandemia, a situação conseguiu ficar pior.
A população campo-grandense que depende do transporte público tem dificuldade em chegar pontualmente ao trabalho, devido aos inúmeros atrasos por falta de ônibus em circulação, além de passar diariamente por aglomerações nos terminais e veículos, desrespeitando as regras de biossegurança contra Covid.
Os problemas envolvendo o grupo de quatro empresas controladas pela poderosa família Constantino também estão na Justiça, devido a imbróglio perto de completar uma década. O Ministério Público Estadual quer anular a licitação realizada em 2012, na gestão de Nelsinho Trad (PSD), e realizar nova licitação do transporte coletivo.
Será que uma nova CPI vai sair do papel? Todos os envolvidos sabem que o serviço é péssimo, mas nada é feito. Vão empurrando com a barriga, jogando um a culpa no outro, até quando será? De repente, com o calor das eleições em outubro, os “representantes do povo” resolvem tomar uma medida plausível em benefício dos usuários. A conferir.