“Eu consegui seu número com uma amiga e isso não é uma mensagem, é um grito de socorro. Assim como eu, milhares de famílias de Campo Grande estão desesperadas. Estamos completamente abandonadas pela gestão do prefeito Marquinhos Trad, e não é de hoje”.
O desabafo acima é de uma cidadã campo-grandense que denuncia o abandono a que foi submetida a área de saúde do município e, consequentemente, a completa falta de atendimento no mais importante setor de uma administração municipal.
A despeito de a população dormir na fila dos postos de saúde na esperança de conseguir um atendimento e voltar sempre de mãos abanando quando buscam um remédio nas farmácias básicas municipais, o prefeito Marquinhos Trad (PSD), que goza merecidas férias fora de Campo Grande, não se inibe em usar as redes sociais para relatar uma administração quase perfeita.
Fala com tamanha convicção das maravilhas que implantou na Cidade Morena. Um turista que visita o município, se sua estada se resumir à área central da cidade, certamente levará consigo a impressão de Campo Grande é um verdadeiro paraíso, onde não existem filas nos postos de saúde; não faltam medicamentos nas farmácias básicas e o transporte coletivo é o melhor e mais barato do país. E daí por diante…
Dono de uma retórica de fazer inveja, herança do saudoso deputado federal Nelson Trad, seu pai, Marquinhos usa a notável facilidade com que lida com as palavras para mostrar ao povo da Capital e do Interior do Estado uma Campo Grande de conto de fadas. Tudo previamente orquestrado por seu milionário esquema midiático e que tem como único objetivo o pleito eleitoral de outubro desse ano, quando – e ele já admitiu isso publicamente – abandonará Campo Grande de vez para tentar a sorte como candidato a governador.
São poucas as vozes que se levantam contra o festival de ilusões comandado pelo prefeito da Capital. Na Câmara Municipal, o vereador Marcos Tabosa (PDT) talvez seja a única voz, dentre os 29 integrantes da Casa, a cumprir um mandato independente e se mostrar capaz de tecer críticas contra a administração municipal em defesa da população.
Marquinhos se vangloria e se autopromove ao alardear a capital como exemplo no combate à pandemia, o que não deixa de ser verdade, mas não revela que muito disso se deve ao Governo do Estado, que distribui atenção igual a todos os municípios do Mato Grosso do Sul, independente de cor partidária.
Tornou-se comum, embora o prefeito finja não ver ou não queira ver, o registro de pessoas aguardando horas seguidas pelo demorado atendimento usando um guarda-chuvas no interior de uma unidade de saúde, isto porque, como bem frisou a moradora que inspirou esse Editorial em seu pedido de socorro, em dia de chuva, chove mais dentro do que fora dos postos de saúde, com muitos campo-grandenses se abrigando da chuva embaixo de árvores ou sob toldos de algum comércio, porque dentro do estabelecimento público acabariam encharcados.
Atendo-nos apenas à área de saúde, deixaremos para outra oportunidade abordar as promessas sobre obras anunciadas durante todo o primeiro mandato e que não sairão do discurso durante o segundo, que pode durar apenas 1 ano e quatro meses.
São os casos específicos da destinação a ser dada à rodoviária velha no Bairro Amambaí e do monstrengo do Cabreúva, a “velha nova rodoviária” anunciada como Centro de Belas Artes e que deve receber algumas pás de cal nesses últimos e fatídicos dias de glória de Marquinhos que, de tanto fazer promessa e não cumprir, já vem sendo rotulado como o criador de ilusões.