O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) não quer perder tempo e já abriu novas portas de articulação para encaixar demandas de Mato Grosso do Sul no circuito de intervenções que envolve os investimentos nacionais e de países vizinhos com a Rota Bioceânica. No lançamento da pedra fundamental das obras da ponte sobre o Rio Paraguai, entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta, na segunda-feira passada, o governador aproveitou para dialogar com autoridades dos dois países e abordar questões como as políticas cambiais e o fomento às exportações e ao fortalecimento do sistema produtivo.
Diante do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, e de diversas autoridades, Azambuja disse que aquele momento simbolizava concretamente a realização de um sonho de décadas e a viabilidade da Rota Bioceânica, pela qual o caminho do Brasil e países vizinhos ao Chile será mais curto e de maior vantagem na redução de custos. “Um dos grandes desafios que teremos, agora, é desburocratizar o setor alfandegário”, comentou.
“A ponte dará maior competitividade a Mato Grosso do Sul e a toda região Centro-Oeste, integrando definitivamente os quatro países (Brasil, Paraguai, Argentina e Chile) não só economicamente, mas também na cultura e no turismo”, disse o governador. O Centro-Oeste exporta 68% de sua produção aos países asiáticos. A rota encurtará distâncias e reduzirá o custo do frete em até 35%.
ACORDO
O governador propõe um acordo alfandegário comum, com um registro único para as mercadorias que transitarão pelos quatro países, como ocorre na União Europeia, onde o produto lacrado na origem chega ao destino sem burocracia. “O Brasil deve promover a organização do tratado específico do Mercosul para que tenhamos desembaraço alfandegário e maior agilidade na movimentação das mercadorias”, disse.
Com esse tratamento aduaneiro, os produtos dos quatro países, em especial de Mato Grosso do Sul (carnes processadas, grãos e celulose), ganharão mais competitividade no mercado. “Os nossos produtores terão uma rentabilidade maior”, pontuou.
O lançamento da pedra fundamental não contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro, por causa do mau tempo em Bonito, aonde ele embarcaria num helicóptero. Por isso, a placa não foi descerrada pelo presidente paraguaio, que convidará Bolsonaro para nova agenda em janeiro de 2022.
INVESTIMENTOS
Segundo o governador, a palavra dos sul-mato-grossenses é de gratidão aos dois presidentes. Ressaltou que o Estado faz a sua parte ao integrar as regiões produtoras por asfalto, com a rodovia BR-267, que dá acesso à Porto Murtinho. “Estamos investindo R$ 1 bilhão em infraestrutura, pavimentando mais de 700 km de eixos de ligação e acesso à BR-267, garantindo segurança e qualidade nas nossas estradas”, mencionou.
Azambuja citou ainda os investimentos em segurança pública na região, além de ações integradas com o Paraguai. Benitez garantiu a conclusão da ponte sobre o Rio Paraguai em menos de três anos (prazo contratual) e anunciou a pavimentação do último trecho da rodovia do Chaco Paraguaio, de Carmelo Peralta a Loma Plata (do total de 275 km, faltam apenas 28 km).
A ponte sobre o Rio Paraguai será construída no km 1.000 da Hidrovia do Paraguai, por um consórcio binacional, e custeada pela margem paraguaia da Itaipu Binacional, com investimento de US$ 102,6 milhões de dólares (perto de R$ 575,5 milhões). A travessia terá extensão total de 1.294 metros (incluindo os viadutos de acesso) e largura de 20,10 metros. A parte estaiada centrada no leito terá 625,37 metros, com vão central de 350 metros.