Se alguém, por simples curiosidade, sair perguntando pelas ruas de Campo Grande – ou de dezenas de cidades de Mato Grosso do Sul atendidas pela Energisa -, sobre os serviços e as tarifas da concessionária, praticamente todas as respostas serão de reprovação, de insatisfação, de revolta.
Sempre existe uma exceção, para confirmar a regra. Por isso, pode ser que nesse exercício de curiosidade apareça alguém se dizendo contemplado. Pode ser, é possível, embora tal probabilidade hoje seja quase zero, principalmente depois da tempestade que castigou dezenas de municípios na semana passada.
Tudo bem: a Energisa não tem culpa alguma pelo o que ocorreu. A tempestade é um fenômeno da natureza, embora muitas vezes provocado pela ação humana. Mas é responsabilidade da empresa, dona de concessão monopolista que rende bilhões, dar cobertura ágil, eficaz e plena aos usuários, atendê-los na urgência que se apresenta em casos envolvendo sua exclusiva atribuição.
Dezenas ou centenas de milhares de residências e casas comerciais, seja na cidade ou na área rural, foram afetadas pela interrupção do fornecimento de energia elétrica. Não foi a Energisa que interrompeu, foi a força da natureza. Entretanto, tão logo cessou o vendaval a concessionária já deveria estar em ação a todo vapor e em sistema de total socorro, consertando os estragos.
Deduz-se que estas providências sejam perfeitamente possíveis, em razão dos registros que a própria empresa publica para divulgar lucros colossais com a venda de energia. Reparem os usuários que esse tipo de publicidade não é apenas uma mera massagem no ego. É mais uma autocelebração de eficiência, de sucesso gerencial, de poder. Tudo isso, evidentemente, sem concorrência, praticando o preço que quer, cobrando a tarifa que deseja, arrancando a pele da população mais pobre.
Vale repetir a antiga e sábia analogia: empreendimento como o da Energisa só pode dar certo. É monopólio. É o único que existe e, como bem essencial, todo mundo precisa ter, fica fácil, impositivo, obrigatório ser cliente e pagar por isso. Pagar caro.
A analogia é esta: concessão de energia elétrica é garimpar mina de ouro exposta no asfalto. Nem precisa cavoucar.