Paulo Guedes, ministro da Economia, que já foi o todo-poderoso do governo Jair Bolsonaro, será ouvido pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados no dia 10 de novembro, para explicar os detalhes sobre a sua offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, um conhecido paraíso fiscal.
Ser dono de uma offshore, por si só não configura crime. Todavia, o cargo público de Guedes, sobretudo em uma posição na qual suas decisões impactam diretamente no mercado cambial, é visto como conflito de interesses, de acordo com o argumento da oposição. O Código de Conduta da Alta Administração Federal proíbe funcionários do alto escalão de manter aplicações financeiras, no Brasil ou no exterior, passíveis de ser afetadas por políticas governamentais.
A offshore de Guedes é influenciada pela taxa cambial, ou seja, pelo aumento do dólar. Em 2014, o dinheiro depositado pelo economista era o equivalente a R$ 23 milhões. No câmbio atual, com o dólar mais alto durante a sua gestão no Ministério da Economia, Guedes conta com a soma de R$ 51 milhões no paraíso fiscal.
FIM DA LINHA
Nesta terça-feira (19), a jornalista e analista política Cristina Lemos, que acompanha as questões nacionais, afirmava em um artigo que a situação de Guedes no ministério beirava o limite. Ela frisou: “A ameaça real de perder o último e principal pilar de sustentação da política econômica – o respeito ao teto de gastos públicos – faz o antigo posto Ipiranga do presidente Jair Bolsonaro balançar perigosamente no cargo. Na área técnica o clima é de fim da linha e de dúvidas de que o ministro consiga conter a pressão por gastos”.
Guedes é quase uma voz solitária na equipe de ministros, diante do aval de Bolsonaro à nova versão bilionária do Auxílio Brasil, sem nenhuma fonte para bancar a despesa, estimada entre R$ 25 e R$ 30 bilhões. A situação do dia é: Guedes contra todos – ministros e outros aliados pró-aumento dos gastos, incluindo a cúpula de partidos do Centrão.