O Brasil, os brasileiros e brasileiras continuam anoitecendo e amanhecendo com notícias nada alentadoras quando o assunto é economia. E de nada adiantará o protesto de quem não quer saber disso. Afinal, salvo as exceções protagonizadas por quem tem muito, a esmagadora maioria da população, aquela que tem pouco ou nada tem, não consegue escapar da dor e da humilhação de ficar sem o gás, o arroz, o feijão, a energia elétrica, a água encanada e até o passe do ônibus.
Lembram-se da inflação? Pois é, aquela figura grotesca e mais horrenda que um dragão está de volta. E já na chegou à casa dos dois dígitos, batendo recorde em setembro, quando atingiu 10,25%, a maior taxa desde 1994, ano de lançamento do Plano Real. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o avanço nos preços gerais foi de 1,16% em setembro, contra 0,87% em agosto.
Os puxa-fila desse dragão maldito são a gasolina, o gás de cozinha e a energia elétrica, sob o aval de Jair Bolsonaro, encabeçam a escalada da inflação. Pode parecer inverossímil, mas muitas famílias deste Brasil “acima de tudo” estão deixando de comer no almoço para poder jantar – ou vice-versa. Foi divulgado que a maioria do povo já está recorrendo ao fogão à lenha para substituir o gás.
E o Gás Liquefeito de Petróleo – o popular gás de cozinha –, cujo preço Bolsonaro havia prometido baixar até R$ 35,00 e já passou dos R$ 100,00? Nas refinarias da Petrobras o botijão de 13 quilos está mais caro. Só na semana que passou a Petrobras tinha reajustado o preço do GLP em 47,53%. Desde o início de 2020, a alta acumulada é de 81,5%. Conforme a Agência Nacional de Petróleo (ANP), o preço do botijão passou para R$ 98,67, em média, e chegou a R$ 135,00 no município de Sinop, em Mato Grosso.
O pior é que essa brincadeira de péssimo gosto provoca o temível “efeito cascata” e arrasta os demais produtos e serviços com preços para cima. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a alta do gás de cozinha foi um dos principais fatores para que os mais pobres sintam mais o peso da inflação, que é 32% maior do que a dos mais ricos.
Ao menos nesta Pátria “armada” idolatrada, salve, salve, a lamparina não é um produto de luxo. Ainda.