“Comunitário Mesmo”. É com este slogan que o vereador Carlos Augusto Borges, o Carlão, gosta de ser identificado, em alusão à presença ativa no movimento comunitário de Campo Grande.
Atuante na defesa das reivindicações da comunidade, transformou-se em um dos principais porta-vozes das mobilizações de moradores dos bairros. Foi um dos precursores da luta em favor do desfavelamento e da pavimentação do Bairro Nova Lima e região. Já era liderança reconhecida quando assumiu o cargo de adjunto da Secretaria Municipal de Assuntos Fundiários, cujo titular era Marquinhos Trad.
Em 2008 conquistou o seu primeiro mandato, obtendo 8.473 votos. Em seu quarto mandato e depois de ocupar a 1ª secretaria da Câmara Municipal, foi eleito presidente da Casa.
Nesta entrevista, Carlão Borges não revela se disputará vaga na Assembleia Legislativa ou será opção para voos mais altos do PSB em 2022. Prefere ponderar: as prioridades agora são outras, como superar a pandemia e garantir a retomada da economia.
FOLHA DE CAMPO GRANDE – Quais as conquistas que se destacam em seu mandato na presidência e quais os planos para o segundo mandato?
CARLÃO BORGES – Tenho a experiência de ter sido 1º secretário da Mesa Diretora por cinco anos. Agora, como presidente, priorizo a volta da Câmara aos bairros, para estar cada vez mais próxima da população. No primeiro semestre de 2021 precisamos nos adaptar à pandemia da Covid-19. Com isso, as sessões comunitárias e itinerantes foram adiadas. Mas reforçamos o acesso ao público de forma online, com transmissões das sessões em nosso site e redes sociais. Atuamos na conscientização da população, aprovando leis para combate ao vírus. Formalizamos parcerias com as entidades de classe para aperfeiçoar o trabalho, além do incentivo ao trabalho da Escola do Legislativo, que também é ferramenta de aperfeiçoamento. A expectativa de todos os vereadores é nos próximos meses iniciar o processo de retorno aos bairros e abertura ao público. Vamos respeitar sempre as normas de biossegurança.
FCG – Seu projeto eleitoral para 2022 é candidatar-se a deputado estadual ou há outros planos?
CB – Sou vereador e presidente da Câmara. São compromissos a exercer com muito trabalho e seriedade. Mas estou à disposição do meu partido. Nosso presidente estadual, Ricardo Ayache [presidente da Cassems], está organizando o partido para termos boas chapas para a Câmara Federal, o Senado e a Assembleia Legislativa. Na sucessão estadual o Ayache é uma excelente opção. Se não ao governo, ao menos para vice.
FCG – O que foi que Campo Grande acertou e o que errou na estratégia de combate à pandemia da Covid-19?
CB – Os números falam por si. O governo estadual, com o secretário Geraldo Resende, e a prefeitura, com o secretário José Mauro, acertaram e foram eficientes. Somos o Estado que mais vacinou no Brasil, registrando marco histórico: o primeiro a vacinar 90% da população acima de 18 anos com pelo menos uma dose. A Câmara também ajudou nesse feito, aprovando as medidas do Executivo. Na vacinação, além do poder público é importante enaltecer o papel da população que compareceu para vacinar. Os campo-grandenses souberam se reinventar para superar esse desafio que assolou o planeta. Lamentamos profundamente as mortes e precisamos aprender que sempre a ciência e a saúde são prioridades.
FCG – O senhor defende a suspensão de todas as restrições ou é necessário esperar mais um pouco?
CB – É essencial priorizar a saúde física e econômica, mas uma não pode colocar a outra em risco. Porque a morte é algo irremediável e aprendemos isso da forma mais dolorosa. A suspensão das restrições virá de forma natural, quando se atingir a imunização necessária para que não exista risco. A pandemia marcou o mundo e nos ensinou que a prevenção é fundamental. Usar máscaras, higienizar as mãos e evitar aglomerações desnecessárias são mudanças às quais teremos que nos adaptar nesse novo normal.
FCG – O prefeito Marquinhos Trad deve concluir o mandato ou tem condição para disputar o governo em 2022?
CB – O Marquinhos está trabalhando bastante. É só andar pela cidade e ver a quantidade de obras. Mesmo em meio à pandemia demonstrou ser um bom gestor. A Câmara está fiscalizando. A Casa não é uma sucursal do gabinete do prefeito, está cobrando e auxiliando nas demandas necessárias à população. A harmonia e a independência entre os poderes são importantes para o desenvolvimento do Município, mas não deixamos de fiscalizar, como no caso do transporte público e nos gargalos do trânsito. Se ele entender que deve disputar o governo, é uma questão de foro íntimo. Cada vereador define a quem deve apoiar. Só posso afirmar que ele tem sido um gestor que trabalha. Vamos ver como tudo será no pleito eleitoral em 2022. No momento estamos preocupados com Campo Grande e com a eficiência dos serviços públicos.
FCG – Quais as principais contribuições da Câmara, por meio de seus 29 vereadores, com o enfrentamento da crise em Campo Grande?
CB – Além de aprovar os projetos de lei para o combate à pandemia, inclusive autorizações para vacinas, uso de máscaras e medidas restritivas, atuamos de forma voluntária, disponibilizando carros de apoio e motoristas para transporte de vacinas até os idosos e acamados que estavam na lista de prioridades. Também fiscalizamos e cobramos a inserção de categorias na lista de prioridades da vacinação. Na questão administrativa, adotamos todas as medidas de biossegurança. Realizamos lives e audiências públicas online semanais sobre os mais variados temas relacionados à doença, levando informação para a população. Fiscalizamos o transporte coletivo, hospitais, postos de saúde, reabertura das escolas, aberturas de postos de vacinação e a realização de exames e todas as ações referentes ao atendimento à população e à prevenção e combate ao coronavírus.