Calcula-se que nos 427 atos em 366 municípios – entre eles 25 capitais – cerca de 750 mil pessoas foram às ruas no último dia 19 para protestar contra os mais de meio milhão de óbitos registrados até aquela data. Os manifestantes ainda reivindicavam vacinação para toda a população e cobravam o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. No mês passado houve 227 atos, distribuídos em 210 cidades brasileiras e 14 no exterior, com cerca de 420 mil pessoas. A maior adesão foi nítida em relação aos protestos de 29 de maio, também de oposição ao governo de Bolsonaro, apesar dos riscos da pandemia.
A grande maioria usou máscaras, ao contrário dos atos (motociata) a favor de Bolsonaro. A marca dos primeiros 100 mil óbitos no Brasil foi atingida quase cinco meses – 149 dias – após a primeira pessoa morrer pela doença no país. Dos 100 mil para os 200 mil, passaram-se outros cinco meses – 152 dias. Já para chegar aos 300 mil, foram necessários somente 76 dias, período que caiu quase pela metade quando chegamos a 400 mil em mais 36 dias.
Agora, de 400 mil a 500 mil mortes o salto se deu em 51 dias, evidenciando que a queda no ritmo de óbitos não foi tão significativa, passado o pior momento. A média móvel de novas mortes está em alta e, na sexta-feira (18) bateu as duas mil pelo terceiro dia seguido. Em números totais, até o início da semana o Brasil seguia como o segundo país com mais mortes por coronavírus, atrás apenas dos Estados Unidos e à frente da Índia, que tem uma população quase sete vezes maior.
RITMO LENTO
Alguns fatores geram alerta para a perspectiva da doença no país. A taxa de transmissão do coronavírus no Brasil, medida pelo Imperial College de Londres, subiu acima dos 1,07. Isto significa que cada 100 pessoas com o vírus infectam outras 107. O ritmo de vacinação é baixo – foram poucos os dias em que o país registrou mais de 1 milhão de vacinados em 24 horas, meta declarada pelo governo ainda em março.
A Fiocruz já calculou que seria necessário vacinar em média cerca de 1,7 milhão de pessoas por dia para atingir toda a população até o fim do ano. Até agora o Brasil mal passou dos 11% de sua população imunizada, ou seja, com as duas doses da vacina. O presidente Bolsonaro declara intenção de desobrigar o uso de máscaras para quem já foi vacinado ou pegou a doença no passado, posição que é duramente criticada por cientistas e médicos especialistas diante da situação atual.