Não se pode afirmar que o prefeito Marquinhos Trad, do Partido Social Democrático, e o governador Reinaldo Azambuja, do Partido da Social-Democracia Brasileira, colocaram o PSD e o PSDB para gerir os destinos de Campo Grande. Cada qual procura fazer a sua parte na gestão da cidade, dentro do limite institucional de suas atribuições.
Se nesse mister submetem a gestão a serviço do utilitarismo político, como vetores do interesse partidário, a história e o eleitorado vão cobrá-los. A sociedade tem na pandemia da Covid-19 uma oportunidade para tirar suas dúvidas sobre os papéis de ambos, notadamente diante do desafio que lhes compete, o de liderar o Município e o Estado no enfrentamento do coronavírus.
E, sendo assim, impõe-se aos gestores um conjunto de responsabilidades para que, acima de tudo e de todos, seja afirmada e reafirmada a preocupação com a saúde, com as vidas humanas. O vírus que circula por aí é social e democrático, não escolhe categorias econômicas para se instalar.
Governar uma cidade, um Estado ou uma nação é para quem assume toda a responsabilidade decorrente da função. Não é para qualquer um. É para quem, de fato e de direito, assume e cumpre compromissos, honra o empenho da palavra, faz questão de zelar pelo seu crédito na praça, não deixa margem para qualquer tipo de questionamento sobre a verdade de seu empenho em favor do interesse coletivo e do bem-estar das pessoas que governa.
É com esse conjunto de princípios e qualificações que gestores de todo País, entre eles o governador de Mato Grosso do Sul, armam-se de recursos que possuem na própria formação do caráter para enfrentar a crise da saúde que a pandemia trouxe. É necessário – como demonstra o governador sul-mato-grossense – ter coragem, ousadia e estatura moral e política para ignorar posições fáceis, e não fazer o jogo da plateia à espera dos aplausos ou de olhos nas próximas eleições.
Combater o vírus e frear sua expansão impõem restrições severas, inibir com rigor tudo que resulte em aglomerações e circulação de pessoas ou manuseios coletivos. Salvar a economia nesse momento é uma “normalidade” entre aspas, quando ainda não foram imunizados nem 70% da população estadual. Porém, a base econômica (comércio e indústria) demonizou o lockdown e instalou um ambiente particular de terror com as ameaças do desemprego e da fome, como se perder a vida pudesse constar como risco secundário.
O vírus é instrumento da grande chantagem que desaba sobre a sociedade e pode ter na “normalidade” das nossas agonias a resposta trágica e definitiva para os paliativos que se plantam em troca dos aplausos localizados e de curta duração.