Era 18 de maio de 1973. A menina Araceli Crespo, oito anos, saiu mais cedo da escola para levar um envelope até um prédio no centro de Vitória, capital do Espírito Santo. Ao encontrar os destinatários, Araceli foi drogada, espancada, estuprada e morta. O seu corpo ficou vários dias escondido dentro de um freezer e desfigurado por um ácido corrosivo, até ser abandonado em um terreno.
Uma criança que brincava nas proximidades encontrou o corpo. A Polícia foi acionada. Suspeitava-se que os envolvidos pertencessem a famílias importantes do Estado e eram conhecidos por suas festas e associações com drogas e violência sexual de menores. Os assassinos jamais pagaram por esse crime. A impunidade se estabeleceu, mediante pressões políticas e econômicas, assassinatos, ocultação de provas e intimidação de testemunhas.
A rede da conivência tinha pessoas influentes da sociedade capixaba, além de policiais, membros do judiciário e políticos. O corpo de Araceli só foi enterrado três anos depois do assassinato, permanecendo numa gaveta de necrotério. Em 1998, por iniciativa de entidades públicas e privadas, reunidas na Bahia, foi instituído o dia 18 de Maio como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual Infanto-Juvenil.
Em 2000 foi oficializada a data nacional (Lei 9.970/2000). Em Mato Grosso do Sul, o governo transformou em Lei (Nº 5.118, de 12 de janeiro de 2017) um projeto do deputado estadual Professor Rinaldo (PSDB), instituindo o Maio Laranja (Mês de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes).